Rejeitada pelo voto popular, ideologia do “déficit zero” segue viva na mídia
O
governo Yeda Crusius (PSDB) foi amplamente rejeitado pela população
do Rio Grande do Sul. Ao final de quatro anos, a governadora tucana,
candidata à reeleição, amargou um terceiro lugar na disputa
eleitoral de 2010. Esse resultado foi, sobretudo, uma rejeição às
políticas implementadas pelo governo do PSDB e seus aliados.
Considerando
que o déficit zero foi a peça programática central do governo Yeda
Crusius, a voz das urnas foi uma reprovação da ampla maioria da
população a este discurso que procura se apresentar como técnico,
mas que está impregnado de uma ideologia fundamentalista do mercado
que tem aversão ao Estado, exceto, é claro, quando precisa se
socorrer dele como aconteceu recentemente na Europa e nos Estados
Unidos.
Rejeitada
nas urnas e também nas ruas, isolada politicamente no Brasil e em
boa parte da América Latina, essa ideologia segue viva, porém, nos
espaços editoriais dos veículos pertencentes às grandes empresas
de comunicação.
No Rio
Grande do Sul, um dos principais defensores da ideologia do déficit
zero é o jornal Zero Hora, principal veículo impresso do Grupo RBS.
A pregação é sistemática, articulada e permanente.
Nesta
quarta-feira, a principal colunista política do jornal, Rosane de
Oliveira [fac-simile acima], volta ao tema, estabelecendo um curioso
paralelo entre, por um lado, os governos de Germano Rigotto e Tarso
Genro, e, por outro, o governo de Yeda Crusius.
O
“pecado” dos governos Rigotto e Tarso seria recorrer aos
depósitos judiciais para pagar as contas. Esses depósitos, assinala
a jornalista, estavam “preservados desde o início do governo de
Yeda Crusius”.
Na
avaliação da colunista de ZH, “o quadro caótico das finanças
estaduais é resultado de uma combinação entre excesso de gastos,
especialmente com reajustes salariais para servidores, com redução
da receita prevista”.
Rosane
de Oliveira acrescenta: “Com os aumentos já aprovados, os gastos
com pessoal neste ano serão 14,5% superiores aos do ano passado –
e isso que o governo não está cumprindo a lei do piso do
magistério”. Na mesma edição de ZH, uma matéria da editoria de
Política trata dos “aumentos em série no Estado”.
O
governador Tarso Genro rejeita o rótulo aplicado à situação
financeira do Estado:
“Caos
financeiro foi o que encontramos com o déficit zero, venda de ativos
públicos para pagamento de contas, atraso frequente de pagamento de
fornecedores e baixa taxa de investimentos, tanto do orçamento como
oriundos de financiamentos. O Governo Rigotto também retirou,
corretamente, R$ 2 bilhões de depósitos judiciais para manter um
controle das finanças e não paralisar completamente o Estado”.
A crise
financeira da maioria dos estados brasileiros é real e só será
resolvida quando, entre outras coisas, a Reforma Tributária deixar
de ser um mito. Isso implica discutir o modelo de financiamento do
Estado brasileiro e o papel do próprio Estado. Para que ele serve
mesmo?
O
problema da ideologia do déficit zero é que ela prega, na prática,
o encolhimento do Estado a um nível tão mínimo que ele deixa de
ser relevante como instituição. Aí, supostamente, entrariam o deus
mercado, a livre iniciativa, o livre comércio e as privatizações
para garantir paz e prosperidade a todos. O Brasil e praticamente
toda a América Latina viveram esse modelo por cerca de duas décadas.
O Rio Grande do Sul, de modo mais agudo, teve a experiência
desastrosas do governo Yeda Crusius.
Há um
elemento comum a estas políticas (se é que podem ser assim
chamadas, uma vez que, no limite, desprezam a política): a rejeição
nas urnas. Isso não ocorre por acaso.
Aplicar
uma política de déficit zero é simples: basta não dar aumento aos
servidores, cortar gastos de custeio e políticas públicas, reduzir
os serviços públicos prestados do ponto de vista de sua quantidade
e de sua qualidade. A partir daí, engendra-se uma lógica
argumentativa bizarra: um governo prega as virtudes de gestão do
mercado e sucateia o Estado; sucateado, o Estado deixa de prestar
adequadamente serviços públicos essenciais; rejeitado pela
população, esse governo é varrido pelo voto; o governo que assume
tenta recompor a estrutura do Estado e passa a ser cobrado, ao mesmo
tempo, por estar gastando demais e também por não estar garantindo
a segurança, a saúde e a educação de que a população precisa.
Ou seja,
o Estado não pode gastar, os servidores não podem ter aumento
salarial e a população não pode sofrer com falta de segurança,
saúde e educação.
Os
defensores desse modelo conseguiram mais uma proeza agora na Europa,
onde a ideologia do déficit zero vestiu o disfarce da austeridade.
Segundo o Eurostat, órgão estatístico da União Europeia, o número
de jovens desempregados na União Europeia é de 5,732 milhões, 264
mil a mais do que há um ano, subindo de 22,4% para 23,6%.
Isso é
que é governar com responsabilidade.
Artigo
do jornalista Marco Weissheimer, do blog RS
Urgente, edição de hoje.
6 comentários:
déficit zero, é? sei. deixam o estado devendo 4 bi e isso é deficit zero? ah, tá...
e, falando em empulhações, o dublê de playboy bêbado que gosta de dirigir, cheirador de cocaína e que bate em mulher tá vindo com essa mesma cantilena como um dos motes de sua candidatura. arre!!!
ah, quer saber, rede bunda suja? quer saber, famiglia sirotski? vão tomá no c... de vocês, vão, cambada de safados!!!! já tô de saco cheio dessa corja!
Por que a segurança pública descamba nos governos petistas? Foi assim no Olívio e agora volta com o Tarso.
Me disseram que é devido à tentativa de aparelhar as polícias civis e militares. Ouvi dizer que promoções seguem a posição do candidato dentro do partido e que por isso os caras fazem corpo mole no combate aos biltres e pulhas deste Estado.
Lembro do estardalhaço que fizeram os coronéis quando o Bisol colocou uma inspetora de polícia mandando na segurança. Será que voltou aquele tempo?
A palavra é de vocês amigos.
O Ary tá nervoso hoje. Não sei porque ele posta como anônimo, já que é inconfundível em sua escrita (ridícula por sinal).
Nelson
Como ex agente da SUSEPE posso afirmar que a Segurança não descamba p... nenhuma em governos petistas: concursos são realizados (com nomeações, não como o Rigotto fez), aumentos reais foram concedidos mas é sabido que a midia, o PIG, usam este fator para atacar o PT, visto que unifica todas as classes, pelo medo, a sensação de insegurança.
"Aplicar uma política de déficit zero é simples: basta não dar aumento aos servidores, cortar gastos de custeio e políticas públicas, reduzir os serviços públicos prestados do ponto de vista de sua quantidade e de sua qualidade."
Complemento, modestamente, o blogueiro em sua afirmação 100% correta: " e gastar fortunas em publicidade com a mídia "amiga", que assim pinta um quadro róseo para governos tipo Yeda e Brito. Nestes governos(lembram?), não tínhamos problemas no ensino, na segurança e na saúde. O RGS era um paraíso, nada como regar a mídia "amiga' com polpudas verbas publicitárias.
O Estado, na ideologia burguesa, tem apenas dois propósitos. O ocntrole da boiada(povo)e a intermediação entre o arrecadar dos pobres e transferir para os ricos. O que pode variar são as formas dessa atuação. A lógica será sempre a mesma...
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