Por
que não crescemos
Para isso teve a seu favor o bom reajuste do salário mínimo, que o corrigiu em 14,1%, usando a regra de ajustá-lo pelo PIB de 2010 – 7,5%.
Essa
massa salarial ajudou a economia desde o início do ano.
Além desse fator favorável, o governo diagnosticou que era fundamental reduzir as taxas de juros bancários ao consumidor. Para isso ordenou o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal a reduzir os juros como forma de pressão para induzir os bancos privados a fazer o mesmo. Essa iniciativa se deu no início de abril, em manifestação da presidenta criticando as abusivas taxas de juros bancários.
Junto com essa ofensiva contra os bancos, o governo começou a desonerar o setor privado ao trocar, sucessivamente para quarenta setores, a cota patronal de 20% sobre a folha de pagamentos pela tributação entre 1% e 2% sobre o faturamento.
Além desse fator favorável, o governo diagnosticou que era fundamental reduzir as taxas de juros bancários ao consumidor. Para isso ordenou o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal a reduzir os juros como forma de pressão para induzir os bancos privados a fazer o mesmo. Essa iniciativa se deu no início de abril, em manifestação da presidenta criticando as abusivas taxas de juros bancários.
Junto com essa ofensiva contra os bancos, o governo começou a desonerar o setor privado ao trocar, sucessivamente para quarenta setores, a cota patronal de 20% sobre a folha de pagamentos pela tributação entre 1% e 2% sobre o faturamento.
Continuou
estimulando o setor privado com redução/eliminação do IPI para
automóveis, linha branca, móveis e construção civil. Reduziu a
Selic para seu mínimo histórico de 7,25% e posicionou o câmbio em
R$ 2,10, quando estava em R$ 1,60 em agosto em 2011, desvalorizando o
real em 31%, o que não causou inflação.
Apesar de todos esses estímulos, a economia só cresceu 0,6% no terceiro trimestre em relação ao anterior. Anualizado esse crescimento seria de apenas 2,4%. O resultado surpreendeu o Ministério da Fazenda, o Banco Central e a maioria dos analistas, que projetavam um crescimento em torno de 1%.
Algumas análises atribuem essa diferença à metodologia inadequada do IBGE na estimativa da contribuição do setor financeiro. Segundo o instituto, o spread menor seria a causa da contribuição negativa desse setor ao PIB. Ocorre que houve no período forte expansão do crédito. Segundo Chico Lopes, ex-presidente do Banco Central, o IBGE falhou ao não entender adequadamente os efeitos da redução do spread bancário no cálculo do índice; se considerado o ajuste, o PIB teria subido 1,2%, em vez de 0,6%.
De toda forma, foi levantada uma dúvida sobre o IBGE. Já se fala que a metodologia atual subestima a realidade dos investimentos e, oportunamente, será utilizado um novo sistema de recálculo do PIB dos últimos anos para reparar isso.
Fato é que a crise que afunda a Europa não tende a abrandar, levando o mercado externo ao ápice da oferta de bens e serviços, com queda internacional nos preços. Assim, o front externo continuará hostil à penetração de nossas exportações e, para crescer ao nível de 4% desejado pelo governo, será necessário acertar o alvo: a redução das taxas de juros ao consumidor, que estão em 93% ao ano! Nos países emergentes é 10%. Essa é a principal trava ao crescimento, pois reduz pela metade o poder de compra dos consumidores que precisam de crédito.
O governo iniciou a briga com os bancos e eles praticamente quase não diminuíram os juros. É imprescindível retomar o enfrentamento, e só existe um caminho: reduzir os ganhos de duas das três fontes de lucro dos bancos. A primeira é levar a Selic a 5%, nível dos países emergentes, e proibir o Banco Central de remunerar pela Selic os depósitos bancários. A segunda, talvez mais importante, é forte redução com o tabelamento das elevadas tarifas bancárias. Depois disso, resta a terceira fonte de lucro, que são os empréstimos. Para compensar as perdas que terão com as duas fontes de lucro, os bancos serão forçados a radicalizar a concorrência nos empréstimos, e aí, sim, as taxas de juros vão cair, destravando o consumo e abrindo o caminho natural do crescimento.
Artigo do economista Amir Khair, mestre em Finanças Públicas.
Apesar de todos esses estímulos, a economia só cresceu 0,6% no terceiro trimestre em relação ao anterior. Anualizado esse crescimento seria de apenas 2,4%. O resultado surpreendeu o Ministério da Fazenda, o Banco Central e a maioria dos analistas, que projetavam um crescimento em torno de 1%.
Algumas análises atribuem essa diferença à metodologia inadequada do IBGE na estimativa da contribuição do setor financeiro. Segundo o instituto, o spread menor seria a causa da contribuição negativa desse setor ao PIB. Ocorre que houve no período forte expansão do crédito. Segundo Chico Lopes, ex-presidente do Banco Central, o IBGE falhou ao não entender adequadamente os efeitos da redução do spread bancário no cálculo do índice; se considerado o ajuste, o PIB teria subido 1,2%, em vez de 0,6%.
De toda forma, foi levantada uma dúvida sobre o IBGE. Já se fala que a metodologia atual subestima a realidade dos investimentos e, oportunamente, será utilizado um novo sistema de recálculo do PIB dos últimos anos para reparar isso.
Fato é que a crise que afunda a Europa não tende a abrandar, levando o mercado externo ao ápice da oferta de bens e serviços, com queda internacional nos preços. Assim, o front externo continuará hostil à penetração de nossas exportações e, para crescer ao nível de 4% desejado pelo governo, será necessário acertar o alvo: a redução das taxas de juros ao consumidor, que estão em 93% ao ano! Nos países emergentes é 10%. Essa é a principal trava ao crescimento, pois reduz pela metade o poder de compra dos consumidores que precisam de crédito.
O governo iniciou a briga com os bancos e eles praticamente quase não diminuíram os juros. É imprescindível retomar o enfrentamento, e só existe um caminho: reduzir os ganhos de duas das três fontes de lucro dos bancos. A primeira é levar a Selic a 5%, nível dos países emergentes, e proibir o Banco Central de remunerar pela Selic os depósitos bancários. A segunda, talvez mais importante, é forte redução com o tabelamento das elevadas tarifas bancárias. Depois disso, resta a terceira fonte de lucro, que são os empréstimos. Para compensar as perdas que terão com as duas fontes de lucro, os bancos serão forçados a radicalizar a concorrência nos empréstimos, e aí, sim, as taxas de juros vão cair, destravando o consumo e abrindo o caminho natural do crescimento.
Artigo do economista Amir Khair, mestre em Finanças Públicas.
7 comentários:
Eu era bancário, no Banco do Brasil e na CEF nos anos 80 e 90.
Um dos objetivos da época, rapidamente alcançado, foi pagar inteiramente o custo do banco com as tarifas.
As tarifas, faz mais de 20 anos, sozinhas mantém os bancos funcionando.
Que dirá então cobrar de cada infeliz correntista juros de 9% ou 12% ao mês no cheque especial.
Basta comparar com o próprio HSBC na Espanha, que empresta a qualquer cliente 5.000 euros sem juros no primeiro ano. E 3% ao ano a partir de então.
Bem, cara pálida. Me parece que o que está prescrevendo nosso eminente economista significa ampliar em muito a rompimento com a cartilha neoliberal imposta pelo duo FMI/Banco Mundial.
Será que o governo Dilma está disposto a isso?
Se nos balizarmos pelas privatizações feitas neste ano, medidas neoliberais, ao gosto do duo citado, a resposta é não.
É certo que os governos Lula/Dilma não seguiram à risca a cartilha neoliberal. Porém, o desvio que dela ousaram perpetrar foi pequeno, muito pequeno diante do necessário.
Aposentadoria para colonos sem nunca ter contribuido para a previdência, bolsa isso, bolsa aquilo, ONGS, cumpanheiros mamando, corrupção generalizada,apagões, falta de investimento em infra-estrutura, aeroportos cacaca, estradas lunares... Um dia a Casa cai. Primeiro tem que produzir para depois repartir. Chamem do que quiser, mas esta é a regra do desenvolvimento. Sem contar as trapalhadas que estão fazendo com a educação neste País.
Anônimo das 11:36, vc está falando da Espanha, né? Ou será da França? Ou da decadente Inglaterra, que o Brasil acaba de superar no PIB? Afinal, de qual país europeu vc se refere?
É mesmo Severo. Nada disso que o anônimo disse acontece no Brasil, felizmente.
hahahahahahahahahahahahahahha!
"FHC destruiu a alma nacional", afirmou o saudoso jornalista Aloysio Biondi, um dos poucos que trazia a verdade sobre o (des)governo tucano de 1995 a 2002.
O (des)governo FHC foi, de longe, o mais corrupto e deletério da história brasileira. Nos colocou genuflexos diante do grande capital nacional e estrangeiro, posição da qual só sairemos, creio, em algumas décadas, com muito denodo, muita vontade de lutar e de construir um país diferente.
Como esses atributos estão um tanto escassos nestes últimos tempos, confesso que sou pessimista em relação à possibilidade de conseguirmos nos recuperar do nefasto legado deixado pelos tucanos.
Marcos Maia tem razão.
Lugar de ladrão é na Camara dos Deputados. Dois ou três a mais não fará diferença.
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