Inquisição e
extermínio
Paul Preston, o mais
conhecido historiador britânico da Espanha moderna, revela a plena
extensão do que define como "holocausto espanhol" do
século 20 em seu novo livro, sobre a horrenda repressão e a
violência perpetradas pelo general Francisco Franco. O livro também
ajuda a explicar a oposição continuada que existe na Espanha quanto
ao reconhecimento dessa história sombria.
Mais de 200 mil pessoas
foram mortas na Guerra Civil Espanhola, e outras tantas morreram
longe das frentes de batalha. Preston mostra como as vítimas foram
estigmatizadas. Ele também detalha a violência do lado republicano:
os assassinatos extrajudiciais, as execuções após julgamentos
sumários, a destruição causada pelas colunas anarquistas e o papel
de agentes soviéticos no massacre de trotskistas.
Mas é a violência
sistemática das forças de Franco que causa maior choque. Preston
descreve como 12 mil crianças foram roubadas de suas mães e as
experiências médicas conduzidas pelo comandante do serviço
psiquiátrico franquista, que buscava uma causa patológica para as
ideias esquerdistas, um "gene vermelho" que vincularia o
marxismo a uma deficiência mental, como parte de um racismo eugênico
para "depurar nossa raça".
Recentemente, os juízes da
Suprema Corte espanhola decidiram demitir o juiz Baltazar Garzón de
seu posto, em um caso envolvendo gravações de conversas entre
advogados de defesa e seus clientes em um processo de corrupção.
Líderes locais do partido do premiê espanhol haviam sido acusados
de conceder contratos em troca de propinas. A Suprema Corte decidiu
que Garzón havia excedido em seus poderes.
Garzón é o juiz que
solicitou a detenção do general chileno Augusto Pinochet em Londres
por supostos crimes contra os direitos humanos. Ele também havia
iniciado uma investigação sobre a morte de 114 mil pessoas durante
a Guerra Civil Espanhola. A Suprema Corte decidiu, quanto a este
processo, sustentar os termos da lei de anistia espanhola de 1977,
afirmando que ela foi crucial na transição pacífica espanhola da
ditadura à democracia, em 1975.
Há a informação de que
cerca de 300 mil bebês espanhóis foram roubados de suas mães e
vendidos para a adoção, com a conivência da Igreja Católica,
entre 1939 e 1989. As mães foram informadas de que seus bebês
morreram. A lei de anistia, uma vez mais, impede a investigação de
crimes ocorridos na era Franco, mas promotores estão investigando
900 desses casos em todo o país.
A justificativa de freiras e
médicos que perpetraram esses crimes era a de que as mães não eram
competentes para cuidar de seus filhos, e que as crianças ficariam
melhores sob a guarda de pais "devotos".
Artigo
do professor Kenneth
R.
Maxwell,
historiador britânico, publicado hoje na Folha.
2 comentários:
Não podemos acusar os ditadores argentinos (1976-1983) de desconhecerem a História. Parece que eles foram buscar a inspiração para muitas das barbaridades que cometeram na Guerra Civil Espanhola
muito bom este artigo sobre este holocauto perpretado pela direita. O articulista bem que podia montar um artigo sobre o holocauto perpetuado pela esquerda em que 6 milhões de Ucranianos foram dizimados em menos de 3 anos a maioria deles mulheres e crianças ob. Por favor faça um artigo.
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