Você está entrando no Diário Gauche, um blog com as janelas abertas para o mar de incertezas do século 21.

Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Um machado para quebrar o mar de gelo dentro dos homens


Kafka e os livros

Numa carta a Oscar Pollak, em 1904, o escritor Franz Kafka, disse – a meu ver – algo definitivo sobre os livros e o ato da leitura. A seguir, um trecho dessa carta:

“Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Se o livro que estamos lendo não nos acorda com uma pancada na cabeça, por que o estamos lendo? Porque nos faz felizes, como você escreve? Bom Deus, seríamos felizes precisamente se não tivéssemos livros e a espécie de livros que nos torna felizes é a espécie de livros que escreveríamos se a isso fôssemos obrigados. Mas nós precisamos de livros que nos afetam como um desastre, que nos magoam profundamente, como a morte de alguém a quem amávamos mais do que a nós mesmos, como ser banido para uma floresta longe de todos. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo que há dentro de nós. É nisso que eu creio.”

Foto: Kafka em 1917.

2 comentários:

claudia cardoso disse...

E a Feira do Livro de POA mostra o nível de indigência mental a que se chegou o leitor guasca: basta acompanhar a lista dos mais vendidos...

Cind Canuto disse...

Não tem como não concordar. E os escritores desses livros "felizes" são exatamente os que são obrigados a escrever para serem vendáveis.

Contato com o blog Diário Gauche:

cfeil@ymail.com

Arquivo do Diário Gauche

Perfil do blogueiro:

Porto Alegre, RS, Brazil
Sociólogo