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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008


O fraco desempenho do PAC e a crise estrutural do capitalismo

A desaceleração do crescimento econômico brasileiro é a evidência relevante no momento em que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) completa um ano. Frente ao crescimento do PIB previsto de 5,2% em 2007, as projeções divulgadas pelo Banco Central apontam para a mediana de 4,5% em 2008 e 4,0% em 2009 ( Ver Tabela 1, cuja fonte é Focus, Banco Central, http://www.focus 18 jan 2008). Estas taxas são inferiores à taxa de 5,0% que consta no PAC. Desta forma, após um ano de PAC, no lugar da aceleração do crescimento, o que se observa é exatamente o oposto. Há, assim, a interrupção do miniciclo de otimismo que surgiu no segundo trimestre de 2007, quando houve aceleração do crescimento econômico. E, o Brasil continua “andando para trás” quando se considera o resto do mundo. A projeção do FMI de crescimento da economia mundial é de 4,8% em 2008, enquanto os países em desenvolvimento devem crescer 7,4% (Ver Tabela 2). Estas previsões supõem o macrocenário global de “aterrissagem suave” controlado pelas políticas fiscal e monetária dos Estados Unidos.

O primeiro aniversário do PAC envolve não somente a desaceleração do crescimento econômico e o atraso relativo do país, como também a piora nos principais indicadores macroeconômicos. Ainda segundo as previsões do Relatório Focus do Banco Central de 18 de janeiro de 2008 mostradas na Tabela 1, o superávit da balança comercial deve cair de US$ 40 bilhões em 2007 para US$ 30 bilhões em 2008 e US$ 26 bilhões em 2009, enquanto o superávit da conta corrente de US$ 5 bilhões em 2007 se transformará em déficit de US$ 5 bilhões em 2008 e déficit de US$ 11 bilhões em 2009. A pressão inflacionária de 2007 (IGP-M de 7,8% e IPCA de 4,5%) deve continuar em 2008, com taxas de inflação maiores do que as taxas de 2006.

A desaceleração do crescimento econômico e a continuação do atraso relativo tornam-se fatores ainda mais relevantes quando fica cada vez mais clara a reversão da fase ascendente do ciclo econômico internacional iniciado em 2003. A questão central é que as maiores incertezas críticas em relação ao futuro da economia brasileira resultam tanto da reversão do ciclo internacional como dos erros e equívocos das estratégias e políticas econômicas do Governo Lula. O desempenho medíocre do PAC no seu primeiro ano ilustra claramente alguns destes equívocos e erros. [...]

Leia a íntegra do artigo aqui.

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Artigo do professor Reinaldo Gonçalves, professor titular de Economia da UFRJ.

Um comentário:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Recomendo a leitura integral do artigo, sobretudo na parte Erros de Concepção no qual o economista diz claramente que o PAC NÃO é um plano de desenvolvimento e sim uma lista ad hoc de projetos. Que o PAC peça de propaganda governamental, tem sido usado como balcão de liberação de recursos federais para projetos específicos, alguns com interesses mais políticos do que econômicos ou sociais. Ou seja, o PAC transformou-se em instrumento de barganha e cooptação que tem, de um lado, o governo central (Lula), e de outro, governadores e prefeitos com influência política.

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