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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sexta-feira, 7 de junho de 2013

- É muito punk! - disse a tia Maggie





Três décadas do disco "London Calling" da banda punk rock The Clash 

Reparem o frescor de "Radio Clash" (no vídeo do alto), do qual eu gosto muito. Essa foi a revolucionária The Clash, uma banda que durou de 1976 até 1986. 

Há trinta anos os caras faziam um rock que mostrava a bunda para a tia Maggie Thatcher, primeira mandatária da Inglaterra de maio de 1979 até 1990. 

O disco (de vinil) "London Calling", com dezenove composições, foi lançado no dia 14 de dezembro de 1979 (*). 

Ontem, portanto, fez três décadas de influência na cena musical do mundo inteiro. Nesta data, o thatcherismo já estava no poder desde maio, suprimindo direitos (liquidou com o salário mínimo, depois restituído por Tony Blair), privatizando empresas estatais, cortando o alimento gratuito das escolas públicas, e provocando uma política macroeconômica recessiva com o objetivo de baixar a inflação que chegou a 20% ao ano, entre 1979/80. 

Houve numerosa quebra de empresas privadas, bancos faliram e o desemprego aumentava a cada trimestre. 

A Dama de Ferro, como ficou conhecida, criou o chamado "poll tax", um imposto regressivo, onde os mais pobres pagavam mais impostos que os mais ricos, seguindo a orientação do pensamento econômico monetarista (neoliberal), segundo o qual havia que incentivar a poupança e o investimento somente dos que podem empreender, e estes são formados pelos mais ricos do espectro social - o topo da cadeia alimentar, segundo Charles Darwin (que entra nesse trololó de neodarwinismo do eixo Viena-Chicago, como Pilatos no Credo). 

Conta a lenda que tia Maggie, uma vez, indagada do que achava da música do recém formado grupo londrino The Clash, teria dito a frase que virou bordão: 

É muito punk! 

De fato, o Clash deixou a sua marca na história do rock e da música pop contemporânea. Com letras politizadas, algo panfletárias e rebatendo forte contra a direita, o belicismo, o racismo e as ditaduras (tem um álbum em homenagem aos sandinistas) fez uma mescla experimental de gêneros musicais, "como reggae, ska, dub, funk, rap e rockabilly" (conforme a Wikipédia). 

Hoje, depois de trinta anos o Clash ainda é atual para denunciar a tragédia representada pelo neoliberalismo globalitário. Afinal, foi a música da banda punk das primeiras que ajudou a suspeitar do mundo no qual estamos vivendo - um mundo clash, em conflito, em choque permanente. E muito punk! 

NotaPunk, é um anglicismo, significa algo imprestável, um traste. O movimento punk foi uma onda cultural (decadentista) urbana surgido na década de 70 que debocha de tudo, do rock e da música tradicional, da esquerda (stalinismo) à direita (nazismo, Thatcher, Reagan, etc.). Ao contrário do movimento punk, a banda Clash não foi adepta do solipsismo e do niilismo, sempre militou por causas políticas progressistas.

(*) Este post foi publicado originalmente neste blog em 15/dez/2009.

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