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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Seria o PSol um partido neo-stalinista?



Não? Mas por que, então, recomenda o estudo do marxismo vulgar?

Recebo com alguma regularidade boletins informativos e conclamativos do PSol. Nunca solicitei, mas os recebo. Essa situação involuntária e passiva me faz sentir um pouco como peixinho de cardume, aqueles enormes coletivos silenciosos obedecendo a uma coreografia fantasmagórica. É meio assombroso.

Mas quero comentar outro fato que me deixou mais assombrado ainda. O PSol está recomendando a leitura, pior, o estudo, do corifeu da filosofia stalinista, George Politzer. Estou sendo obtuso e generoso ao mesmo tempo em chamar àquilo (entenda-se, aquela-coisa) de filosofia.

Politzer é um popularizador rebaixado da quintessência da picaretagem subpensamento do marxismo fake que se chama stalinismo. Essa obra recomendada pela Fundação Lauro Campos do PSol sequer foi escrita pelo Politzer, trata-se, sim, de uma compilação - um borrão de classe - de seus alunos do PCF sobre a famigerada Diamat. [O franco-húngaro George Politzer teve um papel importante - deve-se reconhecer - em outro campo da atividade política, que foi o de ser um dos fomentadores do movimento Surrealista na França, no início da décade de '20. Mas isso é outro papo, para outra ocasião.]

Fiquei pasmo, ao saber disso. Nem o PT, com todos os seus desvios de percurso, chapinhou na lama enganosa do marxismo vulgar do stalinismo.

Será que o velho Plinião, candidato à presidência da República pelo partido neo-stalinista, sabe disso?

Duvido que ele, católico de esquerda, ex-AP, compactue com esse regressismo ideológico imperdoável.

Coisas da vida.

23 comentários:

Anônimo disse...

Forçou a barra.

O PT já chamou cursos de formação com textos bastante vulgares da Martha Harnecker e ninguém nunca disse que o partido era neo-stalinista.

Cuidado com os gulags psolinos.

Anônimo disse...

Há que se reconhecer que o site da fundação publica qualquer coisa que alguém envie. Vou ver quem é o autor...

Mas para quem conhece Roberto Robaina, Luciana Genro, Heloisa Helena e o resto da gangue da corrente do MES sabe que stalinismo é pouco. O PSOL, como o PT e outros partidos, é uma colcha de retalhos ideológicos, com gente boa e ruim.

Lucas Jerzy Portela disse...

embora eu concorde com seu post, cabe lembrar que o primeiro Stalin foi um pensador arguto, e poucos governantes do seculo XX estimularam tanto o desenvolvimento cientifico em areas tao diversas.

Juarez Prieb disse...

Stálin pensador arguto?
Primeiro Stálin?
O que você andou lendo seu Lucas?

Leon disse...

é... vários governantes estimularam o desenvolvimento científico em áreas diversas e incomuns. Hitler foi um deles. Ambos também estimularam o extermínio de opositores, os campos de concentração e a falsificação da história. Ainda bem que a Bahia fica longe da Alemanha e da Rússia.

gustavo disse...

"Stalin é o coveiro do Socialismo".

Leon Trostky, em reunião do Bureau Central do PC Soviético, em 1928, na presença de Joseph Stalin.

A partir daí foi exilado em Alma Ata, onde a temperatura no verão faz 40 graus negativos, daí foi expulso para a Turquia, depois foi para a França, depois Noruega e finalmente no México a convite de Diego Rivera e Frida Kahlo, onde foi assassinado por um agente stalinista em 1940.

Anônimo disse...

O que houve com o site rsurgente?
Ta fora do ar?

Anônimo disse...

Pois é...quero ver a resposta de todos os 6 filiados do partido.....

Chrysantho Sholl Figueiredo disse...

Fiz uma resposta ao texto no meu blg pessoal. Deixo o Link para fomentar o debate:

www.oeventuario.blogspot.com

abraços

Joao disse...

Tu gosta mesmo do PSOL hem??? Chega a ser divertido.

Anônimo disse...

Quando trotiski,marxista vulgar e menchevique traidor do socialismo, foi morto era uma figura insignificante politicamente(porque Stalin desejaria mata-lo?). Cuidado, todo o trosko de hoje vira um reacionário da pior espécie amanhã como o próprio leon que,no México, atacava o governo democratico de Cardenas que lutava contra as sete irmãs do petróleo. Por isso trotski foi morto por um colerrigionário(os troskos se odeiam mutuamente, vejam pco,psol,pstu etc..).Queiram ou não os trotskistas, Stalin(ao contrario do cagão trotski,admirado pelos "liberais")) foi o maior inimigo que a burgusia já teve e liderou a vitória contra o nazismo,por isso os reacionários não o deixam em paz e só isso já basta para coloca-lo num lugar importate na história.E quanto os troskos, o que fizeram de importante na luta pelo socialismo?Por favor só um exemplo.Pela contra revolução eu posso citar vários( na própria URSS,na guerra civil espanhola e até no movimento sibndical hoje em dia). NUNCA construiram NADA nem na teória nem na prática revolucionária.Só servem à direita (já viram a direita atacar trotski e os troskos?), basta ver o comportamento dessa pequeno burguesia raivosa nas eleições.Atacam mais os partidos de esquerda que os de direita.

barcelosmarcio disse...

"quintessência da picaretagem subpensamento do marxismo fake que se chama stalinismo"

Definiu com muita precisão.

E o pessoal do psol segue com esse papo de marxismo vulgar... Marx daria muita risada da cara deles...

Fabrício Nunes disse...

Desta vez, forçastes a barra, Feil. Em nome do que, mesmo?
O post parece aquelas análises da esquerda acadêmica, tão cheia de boas intenções e - ao mesmo tempo - tão distante do mundo real, da luta concreta. Se há outro instrumento que não o PSol, aliás, poderia nos indicar. Ao menos contemplaríamos Marx naquilo que foi o seu traço diferencial com o pesamento socialista/teórico: transformar o mundo, além de interpretá-lo.

abs.

Fabrício

Cristóvão Feil disse...

Nunes, em nome do combate ao câncer do marxismo - o stalinismo.

Abç.

CF

resposta do Chrysantho disse...

A Crítica é falha pelo seguinte:

Em primeiro lugar a crítica desconsidera que quase todo o marxismo brasileiro foi stalinista. E isso por um motivo muito simples: a doutrina marxista que chegou ao brasil chegou pelas mãos do Partidão com orientação ideológica do marxismo oficial. São poucos os marxistas não-stalinistas no Brasil. Em segundo lugar que quer dizer quando se diz que um livro é stalinista? Que existe uma "essência" totalitária na teoria? O problema desse argumento é que ele cai numa espécie de "armadilha ontológica". O Stalinismo vulgarizou em grande parte, é verdade, o marxismo. Mas isto de forma nenhuma quer dizer que as contribuições stalinistas ou os alinhamentos teóricos stalinistas (e o mais famoso deles é o Lucácks de História e Consciência de Classe) sejam por si só ruins e deterministicamente totalitários enquanto objeto de estudos e reflexão.

Em segundo lugar: algumas coisas não foram ditas em relação ao Politzer. Em primeiro lugar, quando ele diz "esta obra que sequer foi escrita pelo Politzer" ele dá a entender que se trata de um fato contingente, que das obras de filosofia marxista do politzer, entre tantas, esta especificamente é uma compilação de anotações de alunos dos seus cursos de filosofia marxista. Mas o problema é que este compêndio de filosofia marxista foi uma "compilação de anotações" justamente porque foi resultado do trabalho de Georges Politzer na Universidade Proletária, projeto militante francês de intelectuais marxistas que ministravam cursos básicos de formação em filosofia para operários e abertos também ao público estudantil. E portanto a estrutura da obra é eminentemente oral (como diga-se de passagem são os seminários de Lacan) como todas as obras de Politzer resultantes de seus cursos de filosofia na Universidade Proletária. O que é claro faz concluir que muito provavelmente o que nosso querido crítico enxerga como a vulgarização da filosofia marxista, nada mais é do que o curso militante oferecido pelo franco-húngaro, juntamente com outros intelectuais marxistas, a trabalhadores de chão de fábrica da franca na década de 40 (até que de Gaule proibiu as atividades da referida Universidade) e omitido por ele na sua crítica.

Outro fato que, se bem não tem a ver com o caráter stalinista ou não da teoria marxista de Politzer, ainda é importante demais para ser omitido, é que Politzer foi um dos responsáveis pela promoção da psicanálise na frança e considerado pelo próprio Lacan (já que falei do método oral comum tanto aos Princípios Elementares de Filosofia quanto aos seminários lacanianos) um mestre através do qual o psicanalista francês teve seu primeiro contato com a obra freudiana e o saber psicanalítico. Este fato, ou antes a omissão dele, faz da crítica ao Politzer como um pensador vulgar ela própria uma crítica vulgar. A importância do pensamento de Politzer como intelectual militante para a história do pensamento francês no século XX vai um pouco além da mera panfletagem tosca e acrítica do regime stalinista.

(não coube tudo aqui)

Leon disse...

Impressionante... Depois da ardorosa defesa que o anônimo da 22:33 fez do stalinismo, nem é necessário atacá-lo (a ambos, dada desqualificação do que escreve). O Ramon Mercader era um "correligionário" do Trotski e o matou porque os troskos se matam entre si... Interessante teoria. Nada mais stalinista do que falsificar a história, só que infantil. É isso, é o câncer, ainda bem que a medicina avança e já extirpamos stalins e hitlers, pelo menos de posições de tanto poder, e podemos seguir na luta.

Fabrício Nunes disse...

Ok, Feil. Sobre o diagnóstico, estamos em acordo. O Stalinismo é, de fato, a pior doença do marxismo. E talvez a única a não ter cura.

abração.

Fabrício

Katarina Peixoto disse...

Bom, se toda a esquerda brasileira foi stalinista, ou quase toda ela, segue-se que há livros velhos de stalinistas de quinto escalão (sendo generosa com a possibilidade de que haja um quarto escalão, digamos), segue-se o quê? Se você perguntar à maioria do Diretório Nacional do PT qual obra de Marx foi lida eu aposto - seriamente -, que pouquíssimos poderiam dizer algo, sem mentir. O PT é um partido filisteu. Mas desde a sua origem renegou o legado assassino e anticivilizatório de Stalin. Sem contar as trevas teóricas do período, as bobajadas esquemáticas, a ignorância obscurantista que pretendia controlar a arte, o pensamento e o conteúdo das ciências e da atividade científica. Bravo, Cristóvão. O PSOL é um tristeza só, por vários motivos. Esse lembrete teórico é só um exemplo. Sem trotskismo, nem petismo, nem lulismo, causo que não precisa, para apontar tanta chinelagem teórica.

Anônimo disse...

Gustavo, citar Trotsky para se contrapor a Stalin é falta de imginação. Podemos criticar Stalin, mas não negar sua importância na construção do socialismo. E Trotsky, qual sua importância, além ter escrito um livro na 1ª pessoa - "Minha vida", coisa que Lênin e Stalin jamais fizeram. Não dá para reescrever a história a partir de nossa idiossincrasias.

robespierre

Anônimo disse...

Só mesmo um débil mental ou um nazista( a direita ,incluindo os troskos adora nivelar tudo por baixo como por exemplo "fhc e lula tudo igual")para comparar hitler com Stalin. Os troskos continuam exercendo seu papel de linha axiliar da reação. Quem auxilia a reação merece o quê?

Anônimo disse...

Cumé "leon"? Seguir na luta ? Que luta guri? Tu deves ser mais um playboi trosko que, como teus correligionários, não contribuiram com nada até hoje para "a luta revolucionásria".Continua assim,tu tem futuro no lugar do diogo mainardi ou do jabor ou do reinaldo azevedo todos ex-troskos(se que isso exite)

Anônimo disse...

Quanta porcaria essa discussão.

Não vejo o Democratas atacando o PSDB, ou o PTB, o PP...

Enquanto isso, a Esquerda, embora carregadora da bandeira da maioria, se perde nesse debate ridículo.

O PSOL nasceu velho e retrógrado. Basta ver o nível de sua página na Internet e sua atuação policialesca "FORA TODOS", sem construir bases sociais, exceto os carcomidos sindicatos de causa própria.

Está igual ao PT, só que pobre.

Cada vez mais difícil ser de esquerda, acreditar no socialismo... e ter que votar em gente burra.

Att.,

Francisco.

Anônimo disse...

Gosto desse blog, mesmo com o seu vulgarismo governista. Não sou do PSOL nem "stalinista", nem "trotskysta" (os dois "ismos" são vulgarizações do acúmulo da classe e expressões legítimas (mesmo equivocadas da classe). Me chamou a atenção a egressividade ao PSOL (com seus erros) ao passo que trata o surealismo (uma contraposição ao realismo soviético - ou "meterialismo" na arte, ou seja, desmascarar as versões "neutras" na arte) que tece num dos seus principais espoente (Dali) um simpatizante do nazismo (Introdução ao Fascismo, LEandro Konder). Seu poste me pareceu mais um ataque histérico à Revolução Russa do que uma crítica ao marxismo vulgar (que deve ser feita). Algo como: "ódio aos erros alheios, generosidade com os meus"...

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