A companheira
Mais do que nunca a poesia, hoje mais que nunca, com seu exorcismo de chacais, com uma chama purificadora e sua memória obstinada.
Açoitada por uma história vertiginosa, onde nos perdemos no redemoinho astronômico da informação, a poesia mais do que nunca: seus olhos seletores fixando o que não temos o direito de esquecer, salvando pássaros, instantes mágicos como o brilho de luzes cintilantes, como auroras soberbas, luas, a beleza, a dignidade da vida.
Mais do que nunca, ali onde abutres de fora e de dentro assanham-se contra os olhos abertos de um povo, arrancam e destroçam as flores do sorriso e o sonho: caricaturas de si mesmos, milionários e coronéis cheirando à morte; contra eles, mais que nunca, a poesia.
Na memória dos homens que lutam, ela é sempre uma fonte de armas, a chama do fogão e a espessura dos montes, o trago d’água, a que estende a mão à batalha e ao repouso.
Mais que nunca a poesia, porque nela faz ninho o futuro.
Julio Cortázar
Mais do que nunca a poesia, hoje mais que nunca, com seu exorcismo de chacais, com uma chama purificadora e sua memória obstinada.
Açoitada por uma história vertiginosa, onde nos perdemos no redemoinho astronômico da informação, a poesia mais do que nunca: seus olhos seletores fixando o que não temos o direito de esquecer, salvando pássaros, instantes mágicos como o brilho de luzes cintilantes, como auroras soberbas, luas, a beleza, a dignidade da vida.
Mais do que nunca, ali onde abutres de fora e de dentro assanham-se contra os olhos abertos de um povo, arrancam e destroçam as flores do sorriso e o sonho: caricaturas de si mesmos, milionários e coronéis cheirando à morte; contra eles, mais que nunca, a poesia.
Na memória dos homens que lutam, ela é sempre uma fonte de armas, a chama do fogão e a espessura dos montes, o trago d’água, a que estende a mão à batalha e ao repouso.
Mais que nunca a poesia, porque nela faz ninho o futuro.
Julio Cortázar
2 comentários:
A propósito da bela Cardinale e das lembranças de "Il Gattopardo", que tantos ensinamentos nos traz, em um tempo de ideologias e propósitos cambiantes e reconvetidos: “Se vogliamo che tutto rimanga com’è, bisogna che tutto cambi”
"Il gattopardo" é um romance histórico, único do escritor Giuseppe Tomasi di Lampedusa. O autor buscou sua inspiração nas histórias de sua antiga família e em particular na vida de um seu antepassado que viveu nos anos cruciais do Risorgimento.
Escrito entre os fins de 1954 e 1957 foi apresentado inicialmente aos editores Einaudi e Mondadori, que refutaram a publicação, vindo a ser publicada apenas postumamente pela Feltrinelli, com prefácio a cargo de Giorgio Bassani. Em 1959 recebeu o "Prêmio Strega" e em 1963 Luchino Visconti o adaptou para o seu filme homônimo: Il gattopardo.
O nome do romance teve origem no brasão da família Tommasi e é assim referido no romance: "Nós éramos os leopardos, os leões; esses que nos substituíram são os chacais, as hienas; e todos os leopardos, chacais e ovelhas continuarão a acreditar no sal da terra."
O filme é da tia Luchina, a maior e melhor cineasta da Terra, em todos os tempos.
E que elenco! Burt Lancaster, Alain Delon, La Cardinale, e outros cobrões.
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