Termina sufoco da mídia oficialista guasca

Depois de fechar um ano de vacas magras com a publicidade oficial do Estado, a mídia guasca se prepara para um 2008 menos famélico. É que a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), lançou esta semana o edital de licitação para publicidade no valor de R$ 92,9 milhões para 2008. Em 2007, foram míseros 18 milhões, para dividir entre os grandes da Capital (RBS, Band, Caldas Jr/Record, SBT, O Sul, Jornal do Comércio) e as cerca de trezentas micros, pequenas e médias publicações/tevê/rádio que agora serão revitalizadas com a seiva pecuniária desses quase 93 milhões de reais.

Terminou a miséria, macacada! Agora todos podem seguir mostrando os feitos e excelências do des-governo yedista no Rio Grande que o que é seu estará depositado mensalmente.

É a farra da publicidade oficial, num Estado quebrado, onde o déficit previsto para 2008 é da bagatela de 1,27 bilhão de reais. Pode-se repetir aquela velha máxima: "Camisa nova e me devendo!".

Muitos ficam abismados com a força da direita guasca, pois eis aí um dos motivos sólidos para o fenômeno: a capilaridade das centenas de pequenas publicações que divulgam uma versão transfigurada do que se chama de "opinião pública", diariamente, durante doze meses por ano, todos os anos.

Agora, ainda em dezembro, eu estava numa cidade do interior, na fronteira com o Uruguai, e abri o diário local onde encontrei, numa mesma edição, artigos e colunas dos seguintes personagens ilustres: jornalista Rogério Mendelski, deputado Frederico Antunes (PP), jornalista Affonso Ritter, jornalista Políbio Braga e outros menos votados, mas todos figurinhas carimbadas da direita maragata. Neste plano, fica muito difícil competir.

E depois ainda ouço alguns basbaques encheram a boca reclamando da necessidade de termos uma imprensa livre. Imprensa livre?

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...