A esquerda criou a lenda que o homem de bem é uma espécie de babaquinha mor, uma espécie de indivíduo sem crítica, que não gosta de violência, que pensa apenas em si, cumpridor de suas obrigações e que não abre mão de seus direitos. Para a esquerda homem de bem rima com politicamente incorreto e com alienado. Na verdade, certa esquerda não gosta mesmo é da classe média, seus hábitos, seus pensamentos, seu status de vida, apesar de 9 entre 10 esquerdistas atuantes serem da classe média e pertencerem a famílias compostas por homens e mulheres de bem. Freud explica. E essa lenda "politicamente correta" foi magnificamente atacada pelo Capitão Nascimento que teve a ousadia de parar o Bonde do Foucault e botar o Brasil a pensar e a refletir que o Brasil precisa mesmo de homens e mulheres de bem. Pelo menos, melhor assim do que assado.
A simples leitura de Maquiavel e Hobbes mostra que babaquinhas de bem são inoperantes no plano da política, pois a lógica das relações públicas pode ser diversa da ordem privada -- isto não tem nada a vr com a esquerda. Diga-se de passagem que em O mal estar na cultura de Freud há uma nota em que Freud se remete à Hobbes como um genial predecessor de que o controle das pulsões é necessario ao processocivilazotorio.Elias deu uma maravilhosa continuidade histórica a esta análise em O Processo Civilizador.É lamentável o grau de irresposabilidade intelectual deste rapaz(Maia).A esquerda clássica tem filiações com o Iluminismo e sua crença no processo dea autoaperfeiçoamento infinito do homem, algo algumas vezes confundido com uma leitura equivocada de Rousseau em As Origens da Desigualdade entre os Homens. O homem natural não é bom e nem mau. É exatamente o inverso:a direita clássica não acredita na capacidade humana de mudar,pois como diz o ditado popular pessimista-burguês: a merda e as moscas são as mesmas.É claro que a qustão das pulsões deve e tem sido incorporada à análise de esquerda , pelo menos desde os anos sessenta.Saudações socialistas de um velho militante!
Um adendo:curiosa a remissão ao Capitão Nascimento - a ambiguidade do texto é notável - seria o Capitão um homem de bem? A civilização existe exatamente para coibir capitães que avalizam a tortura como método.O problema é que o capitalismo tende no limite a exarcebar aspectos de barbárie - o fascismo é o limite "civilizatório" do capitalismo. Quem quiser falar de capitalismo como fim da história tem que explicar o fascismo como possível consequencia.
Neumann, Wie gehts? O próprio Freud no excelente Mal Estar na Civilização, capítulo V, disse que do ponto de vista psicológico é impossível imaginar uma sociedade socialista, pelo simples motivos de que os homens não são iguais. Realmente, não somos iguais e tornar os homens absolutamente iguais é uma imensa violência contra a liberdade de cada um. Eu acredito na capacidade do homem e da humanidade de mudar, inclusive mudar os conceitos e preconceitos equivocados que colocaram na nossa cabeça como sendo o bem e o mal. No fim da história, Nietzsche - o pai do pós modernismo -- é que tinha a doce razão. Saudações iluministas.
Neumann, a república de Weimar foi destruída exatamente pelo totalitarismo de direita (poderia ter sido destruida pelo totalitarismo de esquerda se os espartaquistas tivessem vencido a revolta ou revolução (??) de novembro de 1919. Totalitarismo existe dos dois lados da moeda. O extremismo nunca prestou e o capitão Nascimento tinha seu lado extremo, mas ele "peitou" o bonde de Foucault e fez o Brasil refletir que do outro lado existe sim o homem mal, o homem malvado que é o traficante que gosta de matar, inclusive seus amigos e camaradinhas. Tropa de Elite ensinou ao Brasil que a tão criticada policia também tem razão. TchuB....
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para nos livrar de nossos males. Segundo eles, o homem é inteiramente bom e bem disposto para com seu próximo, mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a natureza. A propriedade da riqueza privada confere poder ao indivíduo e, com ele, a tentação de maltratar o próximo, ao passo que o homem excluído da posse está fadado a se rebelar hostilmente contra seu opressor. Se a propriedade privada fosse abolida, possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade desapareceriam entre os homens. Como as necessidades de todos seriam satisfeitas, ninguém teria razão alguma para encarar outrem como inimigo; todos de boa vontade, empreenderiam o trabalho que se fizesse necessário. Não estou interessado em nenhuma crítica econômica do sistema comunista; não posso investigar se a abolição da propriedade privada é conveniente ou vantajosa. [7] Mas sou capaz de reconhecer que as premissas psicológicas em que o sistema se baseia são uma ilusão insustentável. Abolindo a propriedade privada, privamos o amor humano da agressão de um de seus instrumentos, de certo forte, embora, decerto também, não o mais forte; de maneira alguma, porém, alteramos, as diferenças em poder e influência que são mal empregadas pela agressividade, nem tampouco alteramos nada em sua natureza. A agressividade não foi criada pela propriedade. Reinou quase sem limites nos tempos primitivos, quando a propriedade ainda era muito escassa, e já se apresenta no quarto das crianças, quase antes que a propriedade tenha abandonado sua forma anal e primária; constitui a base de toda relação de afeto e amor entre pessoas (com a única exceção, talvez, do relacionamento da mãe com seu filho homem [8] ). Se eliminamos os direitos pessoais sobre a riqueza material, ainda permanecem, no campo dos relacionamentos sexuais, prerrogativas fadadas a se tornarem a fonte de mais intensa antipatia e da mais violenta hostilidade entre homens que, sob outros aspectos, se encontram em pé de igualdade. Se também removemos esse fator, permitindo a liberdade completa da vida sexual, e assim abolirmos a família, célula germinal da civilização, não podemos, é verdade, prever com facilidade quais os novos caminhos que o desenvolvimento da civilização vai tomar; uma coisa, porém, podemos esperar: é que, nesse caso, essa característica indestrutível da natureza humana seguirá a civilização.
(Sigmund Freud - Mal Estar na Civilização - Capítulo V)
Aprecio Freud, quando ele explica os sistemas de dominação da subjetividade humana através da identificação com o opressor. Alguns chamam isso de "transferência". Prefiro, "recolonização".
Gente, esses papos no blog são ótimos, o ruim é que não vemos com quem estamos conversando. Esse tal de Maia ai pode até ser o César Maia, prefeito esquisitão aqui do Rio que dizem nunca aparece no trabalho, parece que ele não sai da frente do computador. ABÇS.
Único comentário possível acerca da discussão Neumamm/Maia digna de constar em alfarrábios altamente eruditos: senti meus pés vacilarem na lama nauseante do Tiete, onde às margens resido com meus bacuris.
O problema é exatamente esse: que "homens de bem" são capazes de perceber ou aceitar o fascismo, não como uma possível consequência, mas como uma consequência inexorável do capitalismo? "O problema é que o capitalismo tende, no limite, a exarcebar aspectos de barbárie", como vc bem apontou. E é óbvio que os "babaquinhas de bem" consideram o capitão Nascimento, tal como eles, um "homem de bem". Tão "de bem " q chegam ao ponto de apontá-lo como capaz de "peitar" Foucault, parando-lhe o "Bonde". Assim, o banditismo, veja que ñ falo de fascismo, apesar d muitas vezes ser difícil separar os dois, o puro banditismo, sem o menor constrangimento passa a ser aceito pelos tais e típicos "homens de bem", como uma prática natural no regramento da sociedade. Poderíamos falar até no "banditismo de bem" contra o "banditismo do mal". Os fins ñ justificam os meios? Daí a aceitar a tortura, os esquadrões da morte, os campos de extermínio, é um tapa. E "homens de bem" capazes de sustentar "éticamente" tudo isso, estão aí, no nosso convívio. Quem ousaria dizer q os Marinhos ñ são "homens de bem"? E Sarney? E o Kalil Shebe e Paulo Brum? E tantos outros? São eles, no final das contas, q estabelecem para o senso comum, quem é o "homem mal, o homem malvado que é o traficante que gosta de matar, inclusive seus amigos e camaradinhas." Por q fraudar documentos para se apropriar de uma rede de televisão ñ é um crime q possa ser considerado como tal, ou pelo menos, ter a gravidade daqueles praticados pelo "homen malvado".
16 comentários:
Esse menino representa o senador Pedro Simon, tão, tão, tão bom que alguém tem que parar com tanta bondade e generosidade.
A esquerda criou a lenda que o homem de bem é uma espécie de babaquinha mor, uma espécie de indivíduo sem crítica, que não gosta de violência, que pensa apenas em si, cumpridor de suas obrigações e que não abre mão de seus direitos. Para a esquerda homem de bem rima com politicamente incorreto e com alienado. Na verdade, certa esquerda não gosta mesmo é da classe média, seus hábitos, seus pensamentos, seu status de vida, apesar de 9 entre 10 esquerdistas atuantes serem da classe média e pertencerem a famílias compostas por homens e mulheres de bem. Freud explica. E essa lenda "politicamente correta" foi magnificamente atacada pelo Capitão Nascimento que teve a ousadia de parar o Bonde do Foucault e botar o Brasil a pensar e a refletir que o Brasil precisa mesmo de homens e mulheres de bem. Pelo menos, melhor assim do que assado.
A simples leitura de Maquiavel e Hobbes mostra que babaquinhas de bem são inoperantes no plano da política, pois a lógica das relações públicas pode ser diversa da ordem privada -- isto não tem nada a vr com a esquerda. Diga-se de passagem que em O mal estar na cultura de Freud há uma nota em que Freud se remete à Hobbes como um genial predecessor de que o controle das pulsões é necessario ao processocivilazotorio.Elias deu uma maravilhosa continuidade histórica a esta análise em O Processo Civilizador.É lamentável o grau de irresposabilidade intelectual deste rapaz(Maia).A esquerda clássica tem filiações com o Iluminismo e sua crença no processo dea autoaperfeiçoamento infinito do homem, algo algumas vezes confundido com uma leitura equivocada de Rousseau em As Origens da Desigualdade entre os Homens. O homem natural não é bom e nem mau. É exatamente o inverso:a direita clássica não acredita na capacidade humana de mudar,pois como diz o ditado popular pessimista-burguês: a merda e as moscas são as mesmas.É claro que a qustão das pulsões deve e tem sido incorporada à análise de esquerda , pelo menos desde os anos sessenta.Saudações socialistas de um velho militante!
Um adendo:curiosa a remissão ao Capitão Nascimento - a ambiguidade do texto é notável - seria o Capitão um homem de bem? A civilização existe exatamente para coibir capitães que avalizam a tortura como método.O problema é que o capitalismo tende no limite a exarcebar aspectos de barbárie - o fascismo é o limite "civilizatório" do capitalismo. Quem quiser falar de capitalismo como fim da história tem que explicar o fascismo como possível consequencia.
Neumann, Wie gehts? O próprio Freud no excelente Mal Estar na Civilização, capítulo V, disse que do ponto de vista psicológico é impossível imaginar uma sociedade socialista, pelo simples motivos de que os homens não são iguais. Realmente, não somos iguais e tornar os homens absolutamente iguais é uma imensa violência contra a liberdade de cada um. Eu acredito na capacidade do homem e da humanidade de mudar, inclusive mudar os conceitos e preconceitos equivocados que colocaram na nossa cabeça como sendo o bem e o mal. No fim da história, Nietzsche - o pai do pós modernismo -- é que tinha a doce razão. Saudações iluministas.
Para os fascistas, cínicos e admiradores de capitães torturadores:
"Sie wissen das nicht, aber sie tunes"
Maia, v. entende o porquê da atualidade do velho Carlos Marx?
armando
Neumann, a república de Weimar foi destruída exatamente pelo totalitarismo de direita (poderia ter sido destruida pelo totalitarismo de esquerda se os espartaquistas tivessem vencido a revolta ou revolução (??) de novembro de 1919. Totalitarismo existe dos dois lados da moeda. O extremismo nunca prestou e o capitão Nascimento tinha seu lado extremo, mas ele "peitou" o bonde de Foucault e fez o Brasil refletir que do outro lado existe sim o homem mal, o homem malvado que é o traficante que gosta de matar, inclusive seus amigos e camaradinhas. Tropa de Elite ensinou ao Brasil que a tão criticada policia também tem razão. TchuB....
não existe "se" em História...
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para nos livrar de nossos males. Segundo eles, o homem é inteiramente bom e bem disposto para com seu próximo, mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a natureza. A propriedade da riqueza privada confere poder ao indivíduo e, com ele, a tentação de maltratar o próximo, ao passo que o homem excluído da posse está fadado a se rebelar hostilmente contra seu opressor. Se a propriedade privada fosse abolida, possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade desapareceriam entre os homens. Como as necessidades de todos seriam satisfeitas, ninguém teria razão alguma para encarar outrem como inimigo; todos de boa vontade, empreenderiam o trabalho que se fizesse necessário. Não estou interessado em nenhuma crítica econômica do sistema comunista; não posso investigar se a abolição da propriedade privada é conveniente ou vantajosa. [7] Mas sou capaz de reconhecer que as premissas psicológicas em que o sistema se baseia são uma ilusão insustentável. Abolindo a propriedade privada, privamos o amor humano da agressão de um de seus instrumentos, de certo forte, embora, decerto também, não o mais forte; de maneira alguma, porém, alteramos, as diferenças em poder e influência que são mal empregadas pela agressividade, nem tampouco alteramos nada em sua natureza. A agressividade não foi criada pela propriedade. Reinou quase sem limites nos tempos primitivos, quando a propriedade ainda era muito escassa, e já se apresenta no quarto das crianças, quase antes que a propriedade tenha abandonado sua forma anal e primária; constitui a base de toda relação de afeto e amor entre pessoas (com a única exceção, talvez, do relacionamento da mãe com seu filho homem [8] ). Se eliminamos os direitos pessoais sobre a riqueza material, ainda permanecem, no campo dos relacionamentos sexuais, prerrogativas fadadas a se tornarem a fonte de mais intensa antipatia e da mais violenta hostilidade entre homens que, sob outros aspectos, se encontram em pé de igualdade. Se também removemos esse fator, permitindo a liberdade completa da vida sexual, e assim abolirmos a família, célula germinal da civilização, não podemos, é verdade, prever com facilidade quais os novos caminhos que o desenvolvimento da civilização vai tomar; uma coisa, porém, podemos esperar: é que, nesse caso, essa característica indestrutível da natureza humana seguirá a civilização.
(Sigmund Freud - Mal Estar na Civilização - Capítulo V)
Alguém já ouviu falar da teoria do caos?
Um bater de asas, de qualquer bicho, na Malásia cria um maremoto na Dinamarca.
Pois é, esse tal do Neumann e o tal do Maia [eles se merecem] produziram um maremoto no blog. Pura teoria do caos.
O menino só queria superpoderes, como qualquer guri.
Quanta energia jogada fora.
Realmente, tivemos aqui um caos caótico, sborniano!!!
O que a República de Weimar tem a ver com os superpoderes do menino?
Fico devendo essa.
Aprecio Freud, quando ele explica os sistemas de dominação da subjetividade humana através da identificação com o opressor. Alguns chamam isso de "transferência". Prefiro, "recolonização".
Acho que esta discussão, um tanto bizantina, poderia ser iluminada pelo Prof. José Bento Monteiro.
Aproveitando a ocasião, onde anda esse ilustre e gótico mestre?
Gente,
esses papos no blog são ótimos, o ruim é que não vemos com quem estamos conversando. Esse tal de Maia ai pode até ser o César Maia, prefeito esquisitão aqui do Rio que dizem nunca aparece no trabalho, parece que ele não sai da frente do computador.
ABÇS.
Único comentário possível acerca da discussão Neumamm/Maia digna de constar em alfarrábios altamente eruditos: senti meus pés vacilarem na lama nauseante do Tiete, onde às margens resido com meus bacuris.
Neumann
O problema é exatamente esse: que "homens de bem" são capazes de perceber ou aceitar o fascismo, não como uma possível consequência, mas como uma consequência inexorável do capitalismo? "O problema é que o capitalismo tende, no limite, a exarcebar aspectos de barbárie", como vc bem apontou.
E é óbvio que os "babaquinhas de bem" consideram o capitão Nascimento, tal como eles, um "homem de bem". Tão "de bem " q chegam ao ponto de apontá-lo como capaz de "peitar" Foucault, parando-lhe o "Bonde". Assim, o banditismo, veja que ñ falo de fascismo, apesar d muitas vezes ser difícil separar os dois, o puro banditismo, sem o menor constrangimento passa a ser aceito pelos tais e típicos "homens de bem", como uma prática natural no regramento da sociedade. Poderíamos falar até no "banditismo de bem" contra o "banditismo do mal". Os fins ñ justificam os meios? Daí a aceitar a tortura, os esquadrões da morte, os campos de extermínio, é um tapa. E "homens de bem" capazes de sustentar "éticamente" tudo isso, estão aí, no nosso convívio.
Quem ousaria dizer q os Marinhos ñ são "homens de bem"? E Sarney? E o Kalil Shebe e Paulo Brum? E tantos outros?
São eles, no final das contas, q estabelecem para o senso comum, quem é o "homem mal, o homem malvado que é o traficante que gosta de matar, inclusive seus amigos e camaradinhas." Por q fraudar documentos para se apropriar de uma rede de televisão ñ é um crime q possa ser considerado como tal, ou pelo menos, ter a gravidade daqueles praticados pelo "homen malvado".
Postar um comentário