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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008


A economia dos instintos no romantismo

“Minha disposição é a mais pacífica. Os meus desejos são: uma humilde cabana com um teto de palha, mas boa cama, boa comida, o leite e a manteiga mais frescos, flores em minha janela e algumas belas árvores em frente à minha porta; e, se Deus quiser tornar completa a minha felicidade, me concederá a alegria de ver seis ou sete de meus inimigos enforcados nessas árvores. Antes da morte deles, eu, tocado em meu coração, lhes perdoarei todo o mal que em vida me fizeram. Deve-se, é verdade, perdoar os inimigos – mas não antes de terem sido enforcados”. [In Gedanken und Einfälle].

O autor da ironia corrosiva foi o escritor e poeta alemão Heirich Heine (1797-1856). Freud cita esse trecho da obra de Heine em O mal-estar na civilização (1929), para enfatizar o permanente conflito humano entre as exigências do instinto (a nossa porção Natureza) e as restrições da civilização (a porção Cultura).

O poeta romântico foi um duro crítico da religião (que agora está na moda, com inúmeros autores se dedicando a escrever sobre o tema anti-religioso). A famosa expressão que qualifica a religião como “ópio do povo", usado por Karl Marx na Crítica da filosofia hegeliana do Direito (1844), foi inspirada numa obra de Heine de 1840, onde ele ironizava (como sempre):

“Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança”. [Esta frase eu pesquei da Wikipédia.]

13 comentários:

Anônimo disse...

só seis ou sete?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Uma das diferenças entre o arcaico e o moderno é exatamente a presença e a ausência da religião. É por isso que o Arcebispo de Olinda quer proibir o uso de camisinhas no carnaval, enquanto na França o Luc Ferry proibe o uso de qualquer símbolo religioso nas escolas. E bem que fez.

Anônimo disse...

Estás enganado, Maia. Na base da modernidade estão as religiões monoteístas. Elas preparam o sujeito individualista para assumir os encargos civilizatórios do capitalismo.

Maia, tu és um mega chutador. Chuta em tudo e para todos os lados. No fundo tu chutas em ti mesmo. Acho que tu és um masoquista.

Anônimo disse...

Pois é. E tem um deputado do PT, Henrique qualquer coisa, com um projeto de lei agravando as penas para críticas às religiões. A proposta anacrônica e estapafúrdia do petista, frise-se, tira essa questão do Código Penal, colocando-a na Lei contra o Racismo...

armando

Anônimo disse...

é isso Prieb, o Maia precisa ler o Hegel.

Anônimo disse...

No arcaico não está o religioso, está o mágico, o supersticioso, o mítico. Lê Hegel, Maia.

Anônimo disse...

Henrique VIII (PT-MG), fundador da igreja anglicana.

Anônimo disse...

É, poxa, só uns seis ou sete inimigos tá de bom tamanho. Mas podia ter também numas árvorezinhas mais baixinhas, uns 2 ou 3 malas tipo o Maia....

Anônimo disse...

O Maia a gente degola, não precisa pendurar.

A CARAPUÇA disse...

Gente, já vi que vai faltar arvore! Só não pode eucalipto!

Anônimo disse...

Parabéns a Juarez Prieb. Muito oportuna sua observação sobre monoteísmo-individualismo-capitalismo.

Anônimo disse...

Entschuldigen...mas a questão é mais problemática.O monoteísmo é anterior ao capitalismo - veja-se o judaísmo e o cristianismo que acabou tornando-se amplamente tolerado pelo Império Romano.Seria mais correto aproximar-se o puritanismo e suas diferentes formas com a ascenção do capitalismo, fenômeno ao qual nem a Igreja Católica pode eximir-se. Nesse sentido os trabalhos de Weber, Tawney e Grothoysen (este infelizmente esquecido - seu estudo sobre as relações adaptivas do Catolicismo ao capitalismo é simplesmente soberbo, há uma tradução em espanhol pela Fondo de Cultura). Caros Genossen, para enfrentar o inimigo estudem, estudem, estudem e ajam...Es lebt der Sozialismus!!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Tá bom, pessoal, a religião monoteísta é a espinha dorsal do capitalismo porque ajuda os homens de bem a vencerem suas crises estruturais. Vivendo e aprendendo.

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