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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sábado, 19 de janeiro de 2008


A Batalha de Argel – o filme (assista na íntegra aqui)

A luta do povo argelino por sua libertação do jugo do colonialismo francês, apresentada no filme do diretor Gillo Pontecorvo (foto), tem como fio condutor a história de integrantes da Frente de Libertação Nacional (FLN), Ali-la-Pointe e seus companheiros que resistem na Casbah, o maior bairro popular da capital Argel. O filme apresenta um período desta luta, marco histórico no processo de libertação de colônias européias na África. A ação se passa entre 1954 e 1957 e o grande diretor Pontecorvo, que mistura ficção e fatos reais, trata com veracidade a resistência argelina e a violência do exército francês, obtendo como resultado um “quase” documentário, intenso, emocionante, que mantém o espectador em suspense do início ao final do filme.

O coronel Mathieu (inspirado no coronel francês Jacques Massu – o carrasco de Argel, torturador contumaz e que anos depois tentou assassinar o presidente De Gaulle) utiliza e defende abertamente a tortura para desbaratar a resistência argelina e manter o país sob domínio dos franceses. A tese - o uso da tortura e da humilhação como principal forma de combate - foi defendida publicamente em 1961, pelo coronel francês Roger Trinquier em seu livro "La guerre moderne", que serviu de referência para a “assessoria” de militares americanos em golpes de Estado em países da América Latina. Há dois anos, segundo noticiou o jornal The New York Times, o filme foi exibido no Pentágono a militares norte-americanos inconformados com a obstinada resistência do povo iraquiano.

Em 1954, humilhados pela derrota na batalha de Diên Biên Phu imposta pelos vietnamitas, militares franceses radicalizam a violência contra os argelinos com o intento de manter seu domínio de mais de cem anos sobre o país, iniciado em 1830. A França ganharia uma batalha, mas perderia a guerra.

O filme, um clássico, traz ao final uma das mais belas e emocionantes cenas do cinema.

A Batalha de Argel ganhou o Leão de Ouro e o prêmio Fipresci (da Federação Internacional dos Críticos), no Festival de Veneza em 1966. O filme de Pontecorvo foi banido na França até 1971, e o primeiro cinema que o exibiu sofreu um atentado a bomba. Também ficou proibido no Brasil no período de ditadura militar.

A trilha musical é de Ennio Morricone. O filme na íntegra (aqui) tem 117 minutos. Versão em espanhol.

5 comentários:

Anônimo disse...

Esse filme é uma aula, junto com "Queimada", também do Pontecorvo, este estrelado pelo grande Marlon Brando. Dois filmes imperdíveis!

Quem protagonizou com Brando, foi um ator sem experiencia. Pois o Marlon Brando durante as filmagens dava aulas de interpretação para o rapaz, pedia para Pontecorvo filmá-lo de costa para enquanto isso demonstrar ao novato como deveria interpretar a cena.
Hoje qualquer bostinha da Globo se acha e não divide com ninguém o pouco que acumulou de experiencia.

wilson cunha junior disse...

Filme poderoso mesmo. Agora apesar desse mundo doido acho que esse ano começou bem pra mim. Acabei de participar de um show do Manu Chao em Brasília e não sei nem descrever direito o que foi essa experiência. Só sinto que estou rejuvenecido e sinceramnete tocado com a energia do cara e sua mensagem de esperança. "Seja o que seja, passe o que passe".

Anônimo disse...

A historiadora Raphaëlle Branche apresentou, em 2000, uma tese de doutorado de 1.211 páginas, intitulada "O Exército e a tortura durante a guerra da Argélia. Os soldados, seus chefes e as violências ilegais", concluindo que “a tortura não foi apenas ação de alguns militares sádicos e isolados. Pelo contrário, ela se inscreve dentro da história da colonização. Antes da Argélia, foi praticada na Indochina." (Edouard Bailby, Cadernos do Terceiro Mundo, nº227, 2001)

Anônimo disse...

A tortura como política de Estado, não aconteceu só na época colonial, mas, principalmente, nos regimes títeres dos EUA, aqueles que, como Mobutu, os grigos chamavam de "nosso filho da puta", ou então o regime grego que Johnson em célebre telfonema ao embaixador em Atenas ordenou: "mande esses f.d.p. soltarem o preso imediatamente". O que aconteceu, é claro.

Aqui na A. Latrina (sic) da época ditatorial, os filhos da puta dos EUA, foram Pinochet, Médici, Stroessner, Banzer, etc. Todos adotavam a tortura e a humilhação como política de Estado.

Aqui em Pindorama, se sentia que era política oficial ao ser preso ou detido, em qualquer quartel e/ou delegacia por motivos políticos. A conversa começa com ameaças e humilhações e, dependendo dos resultados, avançava para torturas leves ou pesadas.

armando

Carlos Eduardo da Maia disse...

Batalha de Argel foi um dos grande filmes que vi, no antigo e fedorento Bristol, ao lado do Baltimore.

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