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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O futuro governo Tarso Genro


Tem tudo para fazer um governo de reconstrução do Rio Grande, mas...

Parece que a conjunção dos astros e estrelas no firmamento em combinação com a massa majoritária dos eleitores sul-rio-grandenses estão a indicar que o futuro governador do RS será mesmo Tarso Genro.

Os fatos sugerem que o candidato da Unidade Popular combinou com os astros, com os eleitores e - de lambuja - com os russos, para não perder a anedota do saudoso Mané Garrincha.

Confirmando a vitória, empossado no Piratini, o futuro governador tem tudo para fazer um governo de reconstrução do Rio Grande, assolado que foi não só pelas sete pragas do Egito, mas contou com decisiva e deletéria ajuda de ex-governadores, tão retóricos quanto irresponsáveis. Com exceção, claro, de Olívio Dutra, que esboçou um projeto de reação, mas foi vítima do ódio mais irracional e mesmo do espírito de Macbeth que encarnou em Tarso, quando este protagonizou a desconstituição do seu companheiro de partido numa convenção petista mais que fratricida, porque suicida. Mas isto, convenhamos, é passado. Tarso Genro exorcizou o seu pequeno e ambicioso Macbeth interno ao passar grande parte da atual campanha fazendo o périplo da autocrítica em todos os rincões do estado. Aliás, ele começa a construir a vitória que ora ameaça se materializar, seja no primeiro, seja no segundo turno, quando une o PT e logra refazer velhas alianças no âmbito da esquerda guasca.

O Rio Grande do Sul parece ter entendido que não pode continuar a ser o último vagão da locomotiva chamada Brasil. De antiga vanguarda, em muitos aspectos da formação social e política brasileira, o Rio Grande atual vive de arrasto, sem energias, há mais de duas décadas, por pura opção política de uma elite regional passadista e ignorante, refém de lendas e mitos que mal conseguem parar em pé.

A vitória de Tarso, caso se confirme, significa o aggiornamento do Rio Grande com o Brasil. Para tanto, é de prever que o futuro governador faça esforços para montar um governo de grande coalizão política no estado. Para além dos atuais limites da Unidade Popular não é de estranhar se Tarso Genro trouxer novos coadjuvantes para ajudá-lo a governar o combalido estado sulino, operando um calculado mimetismo do bem sucedido - eleitoralmente - lulismo de resultados nacional.

Já se vê que com dois ou três gestos de boa vontade, nada mais que isso, o Rio Grande do Sul voltará a dialogar com o Brasil e a União Federal. A reconstrução de canais e vias do debate federativo, emperrado e enferrujado nos últimos oito anos, é uma exigência imediata e incontornável tanto do Piratini quanto do Planalto. Com recursos fluindo, projetos consistentes demandando rubricas orçamentárias esquecidas, relações convergentes entre agentes políticos afins e unicidade nos propósitos administrativos e gerenciais, o Rio Grande e o Brasil podem acabar com a guerra fria subterrânea e surda que predominou nos últimos anos nas relações entre Porto Alegre e Brasília.

O Rio Grande do Sul sob o comando de Tarso Genro tem tudo para dar certo, só não pode apostar que a obsoleta mídia local, porta-voz das piores desesperanças e dos maiores malogros (vide o melancólico yedismo de fracassos), seja parceira nesta longa jornada de reconstrução do estado. Afinal, por mais bem sucedida que seja uma coalizão de governo, especialmente no âmbito da democracia formal, nenhum dos nossos generosos propósitos será capaz de cancelar a velha luta de classes. Por algum lado, por alguma fresta do real, esta luta inexorável, essa filha diabólica da contradição, irá aflorar, especialmente se as grandes reformas locais forem implementadas (para se atualizarem com o Brasil). Pois, não temos a menor dúvida, que a vanguarda do atraso estará com o dedo em riste e a voz encharcada de ressentimentos nas páginas dos jornais, nas rádios e tevês do estado a combater o que irá contabilizar como perdas e danos aos seus privilégios mais caros.

Aí então, o governador Tarso se arrependerá amargamente por não ter se calado em 23 de setembro de 2010 quando garantiu que temos uma imprensa regional independente e um exemplo de mídia para o Brasil. Não é com retórica obediente (de aroma sabujo) que se dá solução para um problema central no atual cenário regional degradado em que vivemos.

12 comentários:

Jean Scharlau disse...

Na foto, Lassier e Tarso.

Anônimo disse...

Como assim, último vagão. A realidade é teimosa e está mostrando que o RS neste ano vai crecer mais que a Média do Brasil. Demagogia não muda a realidade. para o RS passar a crecer no rítimo do Brasil só retrocedendo. A não ser no quesito corrupção, mentira e demagogia, este o Brasil vence disparado.

OS INFANTILÓIDES disse...

Os infantilóides e aloprados do pt já vão começar, é?
Peraí companheirinho.. pra fazer o joguinho da secação, já temos a direitalha safada deste estado né?
rancorezinhos pessoais por essa ou aquela posição do tarso ou do seu grupo político, devem ser relevados em função de uma visão mais estratégica, não achas?( sem que isso signifique achar que essa mídia daqui é uma maravilha e nem foi isso q o tarso disse ...)

Hermes Vargas dos Santos disse...

Não temos uma mídia local independente, portanto ela não pode ser referência de autonomia para o resto do País! Tarso sabe disso, mas ele deve ter sinalizado aos bossais da aldeia, os midiáticos guascas, que não quer confronto gratuito. A luta de classes, de fato, não pode ser desconsiderada; mas é importante observar que esses setores das classes dominantes podem ser facilmente "neutralizados" pelas verbas de publicidade. Podem fingir rasgar a doutrina, mas dinheiro eles não rasgam ... No entanto, uma das primeiras coisas a serem feitas é reduzir o total gasto com esses parasitas; segundo, distribuir melhor a quantia a ser gasta - descentralizar, democratizar a "mesada" desses vermes com a imprensa alternativa/autônoma.

Anônimo disse...

Pô, 'alto nível de debate, imprensa independente e exemplo para o país' não são 'maravilha'? Então eu não entendi o que o Tarso disse... A questão é: por que diabos escreveram isso?(que quer que tenha sido)

Essa questão da verbas de governo é interessante. Será que veremos publicidade do estado também no Jornal Já? Tomara...

Udo disse...

Tarso desmentiu?
Então foi ele.

Anônimo disse...

A RBS está com Lula e Tarso há muito tempo, assim como toda a elite econômica brasileira. A RBS sempre esteve ao lado de quem colocar a grana na mesa. Sempre foi assim. E isso é no que o novo PT se tornou especialista: botar grana na mesa e comprar o que vier pela frente.

O blogueiro, que não é bobo nem nada, sabe muito bem disso. Está querendo enganar a quem com esse papinho?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Tarso aprendeu com as asneiras de Olivio Dutra. O governo Tarso vai ser completamente diferente e talvez tenha, em futuro bem próximo, a oposição deste Blog. Ver para crer.

Anônimo disse...

Tem cada anônimo delirante por aqui ... Esse último aqui se superou: "A RBS está com Lula e Tarso há muito tempo". Isso já não é mais é um erro de interpretação; é caso pra uma junta psiquiátrica! O sujeito vive em uma realidade paralela! Tem que rir pra não chorar ...
Carlos

claudia cardoso disse...

Não precisava ter escrito tanto. Os dois últimos parágrafos já seriam suficientes pela lucidez dos argumentos.
Muito bom! Nõa há construção de consensos entre antagônicos e a velha mídia é inimiga de qualquer projeto que ameace os seus interesses de classe, seus negócios.

Anônimo disse...

AQUI COMO LÁ ESTÃO CANTANDO "JOGO JOGADO".
ACHO QUE VÃO CAIR DO CAVALO.

VALTER

Carlos Eduardo da Maia disse...

Não existe maior baboseira e alienação do que dizer: não existe a construção de consensos entre antagônicos. Isso é raciocínio de século XIX quando se acreditava na dialética total. Isso é típico pensamento conservador e inflexível.

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