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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

No Brasil, o ditador Videla estaria todos os dias sendo adulado na TV



O contraste entre Brasil e Argentina, no quesito memória histórica e cidadania

O ditador Jorge Rafael Videla se definiu ontem como um preso político, e denunciou que se sente intimidado, que teme pela sua segurança e de sua família e considerou que as afirmações de ex-membros da organização Montoneros durante um ato público no qual recordaram seus tempos de militância constituem "uma ameaça à sociedade de reinstaurar a violência para obter ganhos políticos". A informação é do diário portenho Página/12, edição de hoje.

As declarações do ex-militar condenado à prisão perpétua como maior responsável pelo genocídio argentino [entre 1976 e 1983] aconteceram durante uma audiência judicial por crimes de torturas e morte de presos políticos da Unidade Penitenciária 1, depois que o Tribunal Oral Federal 1 de Córdoba havia confirmado como integrante pleno o vogal José María Pérez Villalobo, cuja imparcialidade fora questionada pelo ex-major Gustavo Adolfo Alsina, apontado por vários sobreviventes como um dos mais crueis torturadores do Terceiro Corpo do Exército. [...]

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Faço questão de trazer essa notícia fresca sobre o ditador Videla, que agora reclama por direitos civis, mesmo na condição de condenado pela Justiça argentina por bárbaros crimes contra esses mesmos direitos civis, que ele pisoteou e ignorou.

Vejam o contraste entre Argentina e Brasil, no quesito memória histórica e cidadania. No país vizinho, o sanguinário ditador está condenado à prisão perpétua, seus velhos companheiros, torturadores, assassinos, genocidas, etc., estão sendo julgados, um a um. No Brasil, um ex-agente menor da comunidade de informações, um sujeito que foi condenado por roubo de patrimônio público, um ratinho ladrão de queijo, é procurado pelo diário Folha de S. Paulo para passar suas impressões - pertinentes e acuradas - sobre a personalidade da candidata Dilma Rousseff. O editor da Folha que bolou esta "genial" pauta o fez por verificar que o ex-agente fora um dos destacados pelo aparelho de repressão do Estado para seguir e bisbilhotar Dilma depois que esta saiu de uma prisão de três anos durante a ditadura. Logo, o verme estava habilitado - segundo a editoria de política da Folha - para analisar o perfil psicológico da candidata lulista. A que ponto chegamos!

Se o Brasil tivesse revisado e passado a limpo (via Judiciário) os crimes cometidos durante a ditadura, como fez e segue fazendo a Argentina, o Uruguai, e o Chile, não estaríamos frente a essa aberração histórica: um desqualificado agente-roedor servir de testemunha idônea na tentativa vil de um órgão de imprensa querer desconstituir a candidata que não representa os interesses deste mesmo jornal.

A coisa foi tão bisonha que os dois jornalistas autores da matéria erraram tudo, erraram a data, erraram o governo autor da condenação da ratazana, erraram a mão e não lograram êxito no que se propunham. Mais uma página lamacenta do subjornalismo brasileiro.

O ditador Videla deve nos olhar com ânimo e admiração. Aqui, ele estaria livre e solto, paparicado diariamente nos jornais e tevês, vociferando suas patologias mentais contra os inimigos das ditaduras e das oligarquias.

5 comentários:

Oscar T disse...

A Folha de SP há muito perdeu a noção do ridículo, seguindo passos da Veja.
A mídia não faz oposição liberal, conservadora porém honesta, mas udenismo da pior espécie. Apesar do que chamas de lulismo de resultados, Feil, o PT/Dilma tem o que mostrar a sociedade e o País melhorou.

Anônimo disse...

É verdade Oscar T, fazendo só um pouco daquilo que há anos era proposto por segmentos ligados as lutas populares como por exemplo uma melhor distribuição de renda, fortalecimento do mercado interno(através do instrumento do crédito no caso) e a volta do indispensável investimento estatal e da ainda muito timida intervençao do estado na economia(visando o desenvolvimento do país e não o fortalecimento do capital estrangeiro como no passado na ditadura militar por exemplo)os resultados já estão aparecendo e o povo sabe disso, sente isso(eu consegui comprar minha casa própria por exemplo)e não se deixa mais manipular polos "donos da voz" ,a velha oligarquia midiatica.Esse povo que agora é chamado de analfabeto por aqueles que não conseguem mais dominar suas mentes, sua opinião ao contrario dos babacas metidos a sábios que isistem em vir aqui distilar seu ódio, seus preconceitos, suas mentiras,suas deturpações da história. .Esses sim controlados, manipulados,idiotas inuteis.É só isso que restou a esse direita burra em desespero de causa. Parte dessa politica economica desenvolvimentista devemos muito a Dilma, por isso Lula é quem deve agradecer a ela e não o contrário.

Anônimo disse...

Mas ficamos sabendo que a Folha tinha o endereço e o telefone do tal ex-expulso-agente desde os velhos tempos de chumbo: quando emprestavam as camionetas para a OBAN. O problema do Brasil será sempre o mesmo: onde na Argentina, no Uruguai, no Chile, em Portugal, na Espanha, por exemplo, todos se uniram contra os ditadores e seus asseclas, aqui, ao contrário, uniram-se todos com todos: deu nisso. Até hoje os "ínclitos" homens que se formaram na "esquerda" se dão ao luxo de acusar a Dilma. Bando é pouco: quadrilha.

Carlos Eduardo da Maia disse...

293 pessoas morreram na ditadura no Brasil. 30.000 argentinos morreram na ditadura militar argentina. Sai as ruas e engrossei o coro de vozes contra a ditadura, mas uma coisa é a ditadura no Brasil e outra completamente diferente foi na Argentina. Não tem nem comparação.

Anônimo disse...

Mais um comentário ANTAlógico do sr. maia. Se a ditadura não chegou a ser tão feroz como na argentina é por que aqui a ressistencia foi muito menor e o Brasil serviu como uma espécie de laboratório, de modelo as outras ditaduras que vieram depois como no Chile e na Argentina que tinham como "instrutores" de tortura brasileiros ex-alunos dos profesorres ianques. E o fato de a resistencia no Brasil só ter sido retomada no final dos anos 60 e inicio dos 70,e ainda assim no meio estudantil ,justamente o periodo do terror fascista e covarde do gov. médici,só realça ainda mais a gravidade dos crimes contra a humanidade praticada pelos heróis do maia. Mas é claro, um cagão como o maia e seus iguais não viram nada, não enxergam nada.Enquato uns lutavam por dias melhores outros,por medo ou por conveniencia se escondiam, fingiam que nada ver e até se benefiavam da situação pois nesses periodos os idiotas, os mediocres, os bajuladores levam ampla vantagem. Por isso eles tem tanta saudades.

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