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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Quem matou Walter Benjamin?



Suicídio por pressão do nazifascismo ou assassinato a mando de Stálin?

Walter Benjamin foi o cara da crítica à ideologia do progresso, essa ilusão embriagadora do nosso tempo. Embora, cada vez menos ilusão e cada vez menos embriagadora.

Hoje, dia 27, completam-se 70 anos da morte de Walter Benjamin (1892-1940). Judeu-alemão e marxista, foi encontrado morto quando, fugindo do nazismo, tentava escapar da França ocupada para a Espanha dominada pelos fascistas de Francisco Franco. Do baú que levava consigo, contendo manuscritos que foram deixados apodrecer pela água e pelo tempo numa cela subterrânea de Port Bou, nunca saberemos o conteúdo.

Da obra legada, partiu a primeira tentativa importante de crítica à ideologia do progresso – acrescentando o pessimismo à teoria da revolução, com conceitos premonitórios que Marx, no estágio de desenvolvimento da produção industrial na sua época não poderia ter apontado. No "Livro das Passagens Parisienses" Benjamin fala do desenvolvimento de um materialismo histórico que iria abolir radicalmente a idéia de progresso.

Para Benjamin (foto), a revolução, ou seja, o processo de emancipação do proletariado criado pela produção industrial, tinha deixado de ser determinada pelo desenvolvimento das forças produtivas, mas seria antes uma interrupção abrupta de um processo catastrófico. Note-se que isto estava sendo dito em 1929, cujo indicador era o aperfeiçoamento crescente das técnicas industriais militares – isto é, para retomar a sua imagem, como apagar um pavio fumegante antes que o fogo da tecnologia ficasse incontrolável e provocasse uma explosão fatal à civilização humana (expresso no ensaio “Sentimento Único” 1928) – “apenas podemos ter confiança ilimitada na IG Farben e no aperfeiçoamento pacífico da Luftwaffe” dizia em “O Surrealismo”.

Walter Benjamin reconhece contudo a contribuição positiva do desenvolvimento dos conhecimentos e das técnicas, mas recusa-se a considerá-las, de forma mecânica, como um progresso humano. Sem negar o potencial emancipador da tecnologia moderna, ele preocupou-se com o seu domínio social, pelo controle da sociedade sobre as suas relações com a Natureza. A sociedade sem classes do futuro deverá colocar um fim não somente na exploração do homem pelo homem, mas também na exploração da Natureza, substituindo as formas destruidoras da tecnologia atual por uma nova modalidade de trabalho, “que longe de explorar a natureza, pode fazer nascer dela as criações virtuais adormecidas no seu seio” [em “Teses sobre o Conceito de História” (1940)]. Recusando uma escrita da história em termos de progresso – que seria o elogio acrítico da “civilização” e da “produtividade” – ele propõe-se interpretá-la do ponto de vista das suas vítimas, das classes e povos esmagados pelo carro triunfal dos vencedores. Nesta perspectiva, o progresso aparece como uma tempestade maléfica que distancia a humanidade do paraíso original e que fez da história “uma catástrofe que continua a empilhar ruína sobre ruína”.

Para o pessimista Benjamin, a Revolução perdeu o papel de locomotiva da História para passar a ser o sinal de emergência que a humanidade puxa antes do trem se despencar no abismo profundo.



O vídeo lá do alto é o trailer de um documentário realizado recentemente.

13 comentários:

Cappacete disse...

Esse era o cara hein, gosto muito do Haxixe, do livro, se bem da erva...

Anônimo disse...

Assassinato a mando de Stalin ? Ora faça-me o favor. Vai ver que foi o Iosif o responsável pelo 11/09/2001.O ódio da burguesia à Iosif Stalin é algo que perpassa os anos(talvez só morra com ela a burguesia)porque será né? E da pra entender algo que acontece hoje no Brasil em relação ao governo moderado de LULA e em relaçao a Dilma.

elektrofossile disse...

Caracas! (Venezuela, si!)

Estou a ler um Ensaio de Gerhard Wagner no jungewelt.de sobre o Anjo de costas para o futuro (ou parecido) e me aparece o Pfeil atropelando!

whaal!

Gunter disse...

Vc se refere ao Zé Estaline, o coveiro do socialismo? O homem que entregou a rapadura pro Hitler? O assassino de toda a velha guarda bolchevique e revolucionária? O que negociou a revolução espanhola na bacia das almas e ainda roubou as reservas de ouro dos republicanos espanhóis? O que traiu a revolução mundial?

elektrofossile disse...

Caracas! (Rojita, rojita!)

Estava eu a ler um ensaio de Gerhard Wagner no jungewelt.de sobre os colecionadores com instinto para a tática e me vem o Pfeil atropelando!


whaaall!

Anônimo disse...

Que entregou a rapadura pro hitler seu babaca? Quem liderou o povo soviético rumo a vitória contra o nazismo?Ou tu não sabe quem derrotou os nazistas na segunda guerra ? Claro, deves buscar tuas fontes históricas nos filmes de quinta categoria de hollywood. Que velha gaurda bolchevique? Trotski que foi menchevique até as vesperas da revoluçõa de outubro e depois,no exilio, virou colaborador do "PIG" internacional as vesperas da guerra quando era figura insignificante politicamente? É, Iosif que conduziu a URSS no periodo mais dificil de cerco, guerras civis, invassãoe estrangeiras,isolamento economico e diplomático(sempre com a colaboração decisiva da "velha" guarda traidora). O que de positivo os troskos fizeram até hoje em prol da revoluçõa?Nada. Quem traiu os republicanos na guerra civil espanhola?Qual o papel dos "revolucionários" trotskistas hoje no Brasil? A direita os adora. Hoje trosko, amanha paulo francis,reinaldo azevedo,arnaldo jabor. Tá esplicado.

José Vissarionovitch

Anônimo disse...

Benjamin se suicidou porque tava ficando maluco tentando encontrar pontos de encontro entre a cabala e o marxismo. Quando viu as relações, se suicidou...
Abs.

Jonny

elektrofossile disse...

gosto do Gershon, tb.

Jordi disse...

Rapaz, quanto oportunismo na discussão. Hoje stalinista, amanhã Roberto Freire, poderia se dizer? Stalin estava no comando da URSS quando ela derrotou o nazismo, esse mérito a história não lhe tirará. E ainda desenvolveu a economia soviética. Mas foi um fascínora da pior espécie, mandou, sim, matar toda a velha gaurda da revolução, fossem 'troskos' ou não (bastava que lhe questionassem o poder) e mandou milhões de cidadãos comuns para campos de concentraçao ou hospícios (a melhor maneira de desqualificar um crítico é dizer que ele está louco ou trabalha para o outro lado - Stalin fazia as duas coisas). E claro que o stalinismo entregou a rapadura para o fascismo na Espanha e para o imperialismo em vários lugares, com suas ideiazinhas de socialismo num só país e coexsistência pacífica.
Não se devem buscar informações em Hollywood, mas muito menos nos panfletinhos do PCdoB e quetais.
Ah, e nem vamos entrar na comparação intelectual entre Trotski e Stalin. Staling foi, realmente, o coveiro do socialismo. E de muita gente boa. Um criminoso.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Um dos bons livros que li foi a Origem do Drama Barroco Alemão, publicado pela Brasiliense na década de 80, se não me engano com prefácio de Rouanet. Tudo está a indicar que Benjamin - judeu e comunista- se suicidou quando o trêm estava em Portbou, no sul da França perto da fronteira com a Espanha.

Antonio disse...

De onde foi tirada esta fantasia imbecil de "assassinado a mando de Stalin"?
Antonio.

Juarez Prieb disse...

"Fantasia imbecil" é a tua mãe, Antonio, filhote de Stálin.

Respeita os leitores do blog.

antonio disse...

Juarez pitbull Prieb, vá comer tua ração, vai...

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