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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Folha começa a corrigir rota com a realidade factual


José Serra e Gilmar Mendes flagrados em relações cordiais do tipo buarqueanas

Seguindo a máxima segundo a qual "quem tem jornal tem medo", a Folha do grupo Frias (que fez parte da logística da repressão policial-militar durante a ditadura) começa a corrigir a rota da sua mais recente aventura golpista. A manchete de hoje da Folha (fac-símile acima) já embica e converge com a realidade dos fatos, dizendo que a candidata Dilma estancou a queda apontada dias atrás pelo instituto Datafrias e interpretada pela própria Folha e seus celetistas como um indício claro e definitivo de que o segundo turno era líquido e certo.

Chama a atenção igualmente a desfaçatez com que o candidato Serra conseguiu uma ligação telefônica com o ministro do STF, um reconhecido militante tucano, Gilmar Mendes, durante o julgamento do recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentação dos dois documentos na hora de votar, domingo próximo.

Segundo a própria Folha, ontem "Serra pediu que um assessor telefonasse para Mendes pouco antes das 14h, depois de participar de um encontro com representantes de servidores públicos em São Paulo. A solicitação foi testemunhada pelos repórteres da Folha.

No fim da tarde, Mendes pediu vista (mais prazo para análise), adiando o julgamento. Sete ministros já haviam votado pela exigência de apresentação de apenas um documento com foto, descartando a necessidade do título de eleitor.

A obrigatoriedade da apresentação de dois documentos é apontada por tucanos como um fator a favor de Serra e contra sua adversária, Dilma Rousseff (PT). A petista tem o dobro da intenção de votos de Serra entre os eleitores com menos escolaridade" - recorda a matéria da Folha.

Nos últimos dias, depois que o presidente Lula criticou duramente a imprensa brasileira, a Folha vem modificando lentamente a sua cobertura eleitoral, fez várias matérias explicando/justificando o próprio comportamento editorial, e hoje dá esse destaque para a conversa de compadres entre Serra e o ministro Gilmar Mendes, reveladora de promiscuidade pré-republicana, que ilustra bem o conceito de Sérgio Buarque acerca do "brasileiro cordial".

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Pena que a Folha não teve o descortino e a tenacidade, que lhe são peculiares, de entrevistar o seu mais ilustre "especialista" em Estado de Direito, que é o jurista Hélio Bicudo (foto), acerca das relações de compadrio carnal entre o candidato da direita (apoiado por Bicudo) e um douto ministro do Supremo, exercitadas ontem, em plena sessão de julgamento de uma matéria cujo interessado número um é o próprio Serra.

12 comentários:

Unknown disse...

Entre tantas necessidades, duas são claras: lei de meios e mudança na indicação e escolha de ministros aos tribunais.

Omar disse...

Tomo a liberdade de indicar:
http://doomar.blogspot.com/2010/09/apos-falar-com-serra-mendes-para-sessao.html#links

Unknown disse...

Vergonha. Serra Rubnei e Gilmar Dantas se merecem.

armando do prado

cao@dino disse...

os golpistas fdp estão alinhando pq perceberam domingo vai ser um massacre,então eles não querem medir forças com a mulher mais poderosa do mundo.dilma não é o bundão do lula e vai colocar essa curriola no seu devido lugar.o zé serra abaixo tá virando avalancha e vai levar os demotucanos e toda a oposição para o limbo.numa democracia a oposição é salutar,pois até isso o COISO vai estragar.o nosferatu é tão repugnante que tudo que ele toda ou se aproxima estraga ou apodrece.podem fazer o convite para o enterro,será dia 03/10/2010 às 17:00hs.

Alberto - Porto Xavier - RS disse...

Aguardando ansiosamente o artigo do pecuarista Brossard Pinto no tablóide Zero Hora.

Ary disse...

No seu abandono, o candidato Baixaria, vulgo José Erra, liga para Gilmar Dantas, numa das atitudes mais anti-republicanas dos últimos tempos. E é atendido! A imagem, pela pobreza, diz tudo.

Francisco Goulart disse...

O Senador Simon não deixará isso passar em branco.

Anônimo disse...

Agora eu fiquei confuso, Cristóvão: você passou meses me dizendo aqui que a Folha de S.Paulo mentia. Eu acreditei. E agora que ela está sendo golpista e oligárquica com o Serra, como faz? Devo acreditar?

Eu achei que os blogues progressistas iam se rebelar contra mais essa armação da velha mídia golpista oligárquica.

Aguardo suas instruções

Ass.: Jovem Petista Confuso

Anônimo disse...

o que esse gilmar mendes merece é uma boa sumanta de rabo de tatu trançado. picareta sem-vergonha!!!

flics disse...

Alberto, agora ele assina coluna aos domingos com o pseudônimo de Flavio Tavares...

Flics

Unknown disse...

Caro Feil:
Acompanho seu blog diariamente. Há tempos uma certa expressão que vem sendo usada na Europa, foi estranhamente anexada na América Latina. Estou morando em Cabo Verde (costa oeste da África) e noticiario aqui é maioritariamente europeu. Quando começou essa crise européia, logo houve reação popular, e vendo um jornal francês li a manchete e confesso fiquei bastante confuso. Ela dizia: "Greve contra a austeridade". Pensei: "que diabos é isso?" porque cargas d'agua alguém seria contra medidas positivas, etc, etc. Depois me aprofundando no caso, descobri que a greve era contra a redução dos salarios e aumento de impostos. E desde de quando isso se chama austeridade? Sinceramente... isso pra mim é, foi e sempre será ARROCHO, então caro feil, por favor te pediria que evitasse de ficar repetindo essa palavra (austeridade) que não tem nada há ver com o que estão fazendo na Europa. isso é o mais puro, simples e velho ARROCHO.
Um abraço.

Cristóvão Feil disse...

Austeridade é a qualidade do austero, ou seja, do que exige penosos esforços do indivíduo, árduo procedimento, rigorismo, etc.

A princípio, não acho que se constitua problema, uma vez que eu faço o devido complemento, necessário para explicar o caráter de classe da tal "austeridade" pretendida.

Assim, leia por favor o que escrevi na legenda da fotografia: "Os governos querem transferir a amarga conta da crise estrutural do sistema para o conjunto da população, socializando as perdas que resultam de políticas econômicas desastrosas, visando privilegiar uma economia de cassino, onde a produção (e o emprego) fica prejudicada em favor da especulação financeira e a negociação fantasmagórica de papéis e títulos sem lastro". Correto?

Compreendo, contudo, a tua preocupação semântica, Vince. Ocorre que a mídia do pensamento hegemônico não faz a devida complementação sobre a que "austeridade" se refere. De fato, fica parecendo que os protestos partem de quem tem privilégios indevidos e que não quer aceitar as políticas de austeridade por puro capricho e cupidez.

Abç.

CF

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