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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

The Economist como que reconhece o fim da nossa subalternidade



Mas no fundo, apenas lamenta a perda definitiva de suas colônias

Recebi há pouco esta mensagem do professor Antonio David Cattani, que está estudando em Oxford:

No último número do The Economist (capa acima) saiu uma matéria sobre a América Latina. Ela pode ser considerada o reconhecimento pelo mainstream econômico mundial do fim da subalternidade cucaracha.

O mapa invertido, imagem que o pintor uruguaio Torres-Garcia já havia criado lá pelos anos 1930, com o título "O Norte é o Sul", é simbólico da mudança de percepção (imagem ao lado).

Longe de ser elogiosa, a matéria é escancaradamente preconceituosa, imperialista e, ao mesmo tempo, ingênua. Os cripto-liberais do Economist foram obrigados a reconhecer que o subcontinente não é mais o quintal dos USA, que os governos mais à esquerda estão conseguindo alterar profundamente a economia, associando transformações materiais com avanços sociais. De certa maneira, fazendo exatamente o contrário do que a revista apregoou nos últimos vinte anos.

Mas, os liberais-imperalistas não conseguem se conter e adoram pontificar do alto da sua prepotência e arrogância. Cada ponto positivo mencionado é seguido por críticas insidiosas, cada melhoria é acompanhada por recomendações que, seguidas à risca, produziriam o efeito contrário do que está sendo implementado pelos governos soberanos da região.

Na verdade, o que eles pretendem é recuperar a capacidade de ditar regras, é reconstruir as relações de dependência e subalternidade que no passado faziam da América Latina capacho, quintal e "reserva de caça" dos interesses das potências norte-ocidentais.

Ingênuos, continuam acreditando que suas análises e recomendações continuarão sendo consideradas como no passado, quando professores universitários, intelectuais, formadores de opinião colonizados bebiam da sua fonte. A nova intelectualidade e os novos dirigentes latinoamericanos dispensam esse tipo de apregoação. O The New York Times, o Financial Times ou The Economist, estão apenas lamentando a perda das antigas colônias.

Antonio David Cattani é professor titular de Sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Agora, é pesquisador visitante no Latin American Center da Universidade de Oxford, Inglaterra.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ué,mas então o que esse professor tá fazendo lá? Não tá também "bebendo da fonte"?

udo disse...

mas este não é colonizado

Anônimo disse...

Legal! Agora é o Brasil quem manda?... rsss

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