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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A nova derrota chilena


Concertação foi para o espaço

O resultado da eleição chilena, de domingo, é grave. A chamada Concertação, unidade político-eleitoral entre a esquerda e a direita não-golpista da democracia-cristã, deu no que deu: vinte anos de política econômica neoliberal, a mesma política inaugurada pelo famigerado Augusto Pinochet e seus economistas formados em Chicago. Agora, a maioria da população eleitora achou por bem escolher o magnata Sebastião Piñera ao ex-presidente Frei, um anódino mosca-morta.

O Chile bateu no teto da liberdade possível dentro de um ambiente de democracia liberal. A livre escolha configurada no voto universal é relativa, está informada e estritamente condicionada pela propaganda sistêmica, pela alienação das consciências e pelo verniz reluzente do consumismo. Os dois candidatos chilenos concorreram só na aparência. Uma disputa no âmbito da direita, entre frações de capitais que concorrem para ver quem fica no plano mais confortável do poder de Estado.

Michele Bachelet (na foto, com Piñera) flertou o tempo inteiro com a direita e os fortes redutos do pinochetismo de resistência. Com 80% de popularidade - sabe-se lá como isso é medido! - agora não conseguiu eleger o mosca-morta, filho de um velho oligarca das classes manda-chuvas do país andino.

A Concertação foi para o espaço. A esquerda chilena precisa estudar profundamente a sua política e suas alianças futuras.

Domingo, quando saiu o resultado do pleito, no início da noite, eu lembrei das imagens de La Moneda no dia 11 de setembro de 1973, dia do golpe de Pinochet e da morte do presidente Salvador Allende. Enquanto o palácio de governo era bombardeado pela aviação fascista e Allende vivia seus derradeiros momentos de vida, as ruas de Santiago estavam absolutamente desertas, e a esquerda restava assustada em seus bunkers de esperança e nada mais.

Hay que meditar, compañeros!

12 comentários:

Anônimo disse...

Mas, por aqui, cantamos o já ganhou da Dilma. A esquerda, somos como vagabundos, apanhamos e não aprendemos.

armando do prado

Anônimo disse...

Vocês não passam de um bando de bobalhões e burro seria o lula se fosse atrás de vocês e suas pseudo-sabedorias. Teriam que analisar se nesses 20 anos a vida do povo do chile melhorou ou não,isso é o termômetro de um bom sistema de governo. Ao invéz disso ficam falando baboseiras ideológicas,como se elas fossem a vida em si. Vai ver foi por isso que perderam no chile,o povo cansou desse besteirol de direita-esquerda.

Anônimo disse...

'Reflexionar', compañero...

Fabrício Nunes disse...

Que esquerda, Feil? O que ocorre no Chile parece uma circunstância clone do que está por vir aqui: PT e PSDB disputando o espaço de poder. Neste cenário, não há que falar em esquerda, certo?

Fernando disse...

"A livre escolha configurada no voto universal é relativa".

Quando os golpistas de Honduras bradavam isso toda a esquerda urrou, "que absurdo".

Sabe o que vai mudar no Chile com a troca de Bachelet ou Piñera? Nada. Sabe o que mudaria com Frei? Nada.

O Chile é como Lula, mandou a ideologia para longe e agora quer saber é de comércio, desenvolvimento e projeção internacional. Dialética ideológica é coisa de cursinho de formação política.

Bem vindos a realidade.

charlie disse...

O Chile vai muito bem no contexto do continente. Estão a lamentar apenas os "bolivarianos" e demais socialistas, que sonham com Cuba e a falecida URSS.

Anônimo disse...

Há que saudar a direita chilena que ao contrário da paraguaia, hondurenha, boliviana, venezuelana e a sua torcida brasileira, perde a paciencia se ficar mais de um mandato fora do trono e fica louca se percebe que corre o mais leve risco de ocorrerem mudanças estruturais.
Vamos combinar que tropas de choque de jovens com escudos com a cruz verde da Bolívia, praticamente uma SS, faltando equipamento, é um atraso do caramba, a direita chilena se apresenta bem arrependida e comportada de seus crimes.
A direita tem nuançes, caracteristicas conforme a época e local: ela pode ser muito safada e golpista, feito a gaúcha e a hondurenha.

Anônimo disse...

Olha, bonito mesmo tá o palanque da Dilma nos estados. Confere aí a lista da turma e vê não é de embrulhar o estomago:

Tarso Genro, Guilherme Cassel e Miguel Rossetto no Rio Grande do Sul. Ideli Salvatti e Altemir Gregolin em Santa Catarina. Paulo Bernardo no Paraná. Paulo Maluf, José Dirceu, José Genoíno, Antônio Palocci, Romeu Tuma, Aloízio Mercadante e Paulo Vannuchi em São Paulo. Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, Carlos Lupi, Eduardo Cunha, Paulo Duque, Benedita da Silva e Roberto Jefferson no Rio de Janeiro. Wellington Salgado, Hélio Costa, Newton Cardoso, Anderson Adauto, Fernando Pimentel e Walfrido Mares Guia em Minas Gerais. Blairo Maggi em Mato Grosso. Zeca do PT em Mato Grosso do Sul. Delúbio Soares em Goiás. Marcelo Miranda no Tocantins. Almeida Lima em Sergipe. Fernando Collor e Renan Calheiros em Alagoas. José Maranhão na Paraíba. Severino Cavalcanti e Humberto Costa em Pernambuco. José Sérgio Gabrielli, Geddel Vieira Lima e Jacques Wagner na Bahia. Henrique Eduardo Alves no Rio Grande do Norte. Cid Gomes e Luizianne Lins no Ceará. Alfredo Nascimento no Amazonas. Romero Jucá em Roraima. Valdir Raupp em Rondônia. Gilvam Borges no Amapá. Joaquim Roriz, Gim Argello e, daqui a pouco, José Roberto Arruda no Distrito Federal. Ana Júlia Carepa e Jáder Barbalho no Pará. Edison Lobão e Epitácio Cafeteira no Maranhão. José Sarney no Maranhão e no Amapá.

Omar disse...

Rapaz! Que confusão...

Fabrício Nunes disse...

Os palanques do PT traduzem a promiscuidade ideológica do partido. E revelam a extensão da traição petista!

Nelson Antônio Fazenda disse...

É isso mesmo, Feil. Com a tal de Concertación, o Chile continuou praticamente igual à época da ditadura civil-militar de Pinochet. Contiuou, para não dizer outra coisa, a lesma lerda. A esquerda chilena, ou parte dela, preferiu acoitar-se no poder a imprimir as mudanças de que o povo chileno necessita.
Para uma panorâmica sobre a situação no Chile após a tomada do poder por Pinochet em golpe projetado, patrocinado e financiado pelo governo dos EUA*, podemos recorrer ao jornalista estadunidense, Greg Palast, no livro A MELHOR DEMOCRACIA QUE O DINHEIRO PODE COMPRAR.
Conforme Palast, o desemprego era de 4,3% em 1973, sob o governo de Salvador Allende e, dez anos depois da adoção do livre mercado pelos golpistas, esse índice chegava a 22%. Palast também informa que 20% dos chilenos viviam na pobreza antes do golpe, número que cheogu a 40% quando Pinochet deixava o cargo, em 1989.
Segundo o jornalista, a economia do país andino não foi destruída somente pelo general; ele contou para isso com a ajuda providencial dos Garotos de Chicago, do mestre Milton Friedman.

* Em despacho ao Departamento de Defesa, Richard Nixon ordenou: “Façam a economia gemer”. E, até a consecução do golpe, foram meses e meses de boicotes e sabotagens para detonar com o governo de Allende.

Anônimo disse...

Engraçado, Feil, não o vejo contestar o voto universal nas vitórias da esquerda. Por que? Pra ti, a voz das urnas só vale para o lado que defendes? Coerência, amiguinho. Carlos, Porto Alegre

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