
Ou sai ou vira um sinistro coronel Kurtz
Jobim passou dos limites. O ministro da Defesa e sua "tchurma" - os comandantes das três armas militares - estão agindo para bem além do limite da responsabilidade que lhes compete a Constituição. Há poucos dias fizeram um teatro furreca ao ameaçar uma saída coletiva do governo Lula. Ontem, deixaram vazar um documento da FAB onde a escolha da compra dos caças militares recai sobre um fabricante que não é o da preferência do Palácio do Planalto. Nada mais autoritário. Esses "vazamentos" revelam bem o tipo de gente que está por trás do ministro da Defesa.
Para o Planalto, interessa o caça francês porque envolve um jogo diplomático que visa desfocar Washington e tornar mais nítida a relação com o palácio do Eliseu, em Paris. Já os militares, o ministro Jobim, a FAB e os coronéis com interesses econômicos preferem o produto sueco, aviões da Saab, por razões as mais variadas. Os militares brasileiros desde o período da ditadura têm um franco e sincero interesse econômico tout court, dentro e fora do Estado (diferentemente de outras forças militares da América Latina). Jobim apanhou essa realidade peculiar e tenta cavalgá-la no sentido de politizar o problema com o objetivo de legitimá-lo como porta-voz do silêncio constitucional imposto aos militares. Mais: se autoinveste também como player econômico no complexo industrial-militar globalitário, business rentabilíssimo, no presente e no futuro. O tema da Anistia e a consequente rebeldia despertada no meio militar é uma forma de fazer a disputa no âmbito do lulismo de resultados. Como Lula sempre optou por trazer o conflito ou o potencial de conflito para dentro do governo como forma de melhor administrar as contradições da luta de classes, tem aí o fruto estéril que plantou nestes últimos sete anos.
Jobim e sua "tchurma" jogam o jogo proposto por Lula, tensionam o quanto podem a fim de levarem o que supõem merecerem no grande game da conciliação lulista.
Mas como tudo na vida, há um linha limite não escrita. A meu ver, Jobim - nestas últimas semanas - avançou o sinal pelo menos duas vezes. Agora, duas coisas podem ocorrer: ou é saído, a fim de não se fortalecer mais e mais, ou fica e vira uma espécie de coronel Kurtz, a la Conrad, com um enclave militar autônomo, armas, caças e um sinistro poder discricionário inédito na República brasileira.
A escolha é de Lula.
8 comentários:
Que belo comentário!!!!!
Não se perde tempo vindo aqui.
Flics
Olha, pra mim chamar o Jobim de Coronel Kurtz é elogio! Se não me trai a memória (faz algum tempo que li o livro), o Coronel Kurtz (apesar da loucura) tinha um aspecto positivo, que era a crítica àquele colonialismo abjeto que a narrativa do Conrad mostra. Já o Jobim ...
Carlos
Jah nao eh a primeira rata do Jobim.
Basta lembrar a lambanca do "sistema de escuta" que ele disse ter sido comprado pelo exercito para a ABIN e que teria sido usado no "grampo sem audio" da conversa do Gilmar Mendes com o Demonstenes. Isso custou a ida do Lacerda para Portugal deixando a PF na mao de um torturador e ainda ajudou a queimar o delegado Protogenes, afastado desde entao da investigacao sobre Daniel Dantas.
Nao sei o que o Lula espera pra queimar esse cara de vez...
eh golpista e nao vai cansar ateh tirar o Lula do poder.
Bem, se a escolha é de Lula - e é -o escroque Ministro da Defesa está mais que "bancado".
Ou alguém já viu um embate intestino do lulismo onde algum gragmento progressista saia vencedor?
"Como Lula sempre optou por trazer o conflito ou o potencial de conflito para dentro do governo como forma de melhor administrar as contradições da luta de classes, tem aí o fruto estéril que plantou nestes últimos sete anos."
Fiquei em dúvida quanto a essa parte. "Fruto estéril"? Em que sentido? Depende da maneira como é feita, mas a incorporação das contradições da luta de classes "administradas" em conflitos internalizados no governo não pode ser uma boa forma de construir debates democráticos? Gosto da crítica que o post constrói e acho que concordo com ela, mas gostaria que esse momento da argumentação fosse melhor desenvolvido.
(Jeferson)
Fruto estéril, Jeferson, porque Lula salgou a terra, acabou com a organicidade do PT, cooptou os sindicatos e os movimentos sociais (todos) e reduziu a luta de classes à conciliação surda do lulismo de resultados.
Fruto estéril, sim. Sob a árvore frondosa do lulismo não cresce nada.
Vamos ver se Dilma consegue se safar.
Abç.
CF
O Lulinha incensado por uma esquerda, que esquerda hein, poder e poder o resto...
Olho o time:
Jobim;
Hélio Costa;
Henrique Meireles;
Reinold Stephanes;
Márcio Fortes;
Edison Lobão, parei por aqui, fui
Rogério de Brum
PS:eu não sou do time ok!!
Bom, pelo tempo que estou escrevendo,já é sabido o destino do Jobim. Ir fardado ao Haiti. Se procurarmos no fundo, lá no fundo, bem no fundo, acharemos no Jobim um civil, um civil linha-dura. Será que as autoridades do Haiti pensou estar recebendo um emissário do golpe de 64? Jobim quando serviu ao Exército, deve ter adorado esta frase: "Soldado, teu cabo está aqui!"
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