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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O falso nacionalismo da TV Globo

Está começando a guerra digital no Brasil

Com os níveis de audiência em vertiginosa queda, as tevês abertas (não pagas) estão a beira de um ataque de nervos. Para tanto, apelam para o velho truque do nacionalismo ao reclamarem ao ministro das Comunicações Hélio Calixto da Costa o cumprimento estrito do artigo 222 da Constituição brasileira. Este artigo diz o seguinte, segundo a livre interpretação da TV Globo em matéria veiculada no Jornal Nacional, ontem à noite: "Empresas jornalísticas, mesmo na internet, tem que pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos".

Com truque ou sem truque, o certo é que a ameaça à hegemonia das empresas de radiofusão é real. O grande bicho-papão da Globo e demais redes de televisão e rádio no Brasil são as empresas de telefonia, que se preparam para disputar o nosso vasto mercado de comunicação social. As velhas redes representam um modelo tecnológico e uma fórmula comunicacional (ideologizada e unidimensional) que aos poucos estão ficando obsoletos.

Estamos no ponto exato do que se pode chamar de encruzilhada tecnológica da comunicação brasileira. Os grandes capitais do setor disputam o mercado, mas esquecem os requerimentos da democratização horizontal da comunicação, recentemente pautados pela Conferência Nacional de Comunicação (1ª Confecom), de dezembro de 2009.

Em 2008, a rede Globo faturou cerca de 6 bilhões de reais, ao mesmo tempo que a operadora de telefonia Brasil Telecom teria faturado cerca de 40 bilhões de reais. Isto demonstra que, de fato, é uma luta desigual, considerando o tamanho dos capitais envolvidos e a atratividade do negócio em si. As novíssimas mídias, a permissão da lei brasileira para que estrangeiros operem e controlem totalmente as empresas de telefonia, a chegada de empresas de comunicação da Europa (Vivendi e Prisa/El País) promovem um abalo sísmico no mercado de comunicação do Brasil. As velhas redes de radiofusão contam com uma bancada numerosa e mobilizada no Congresso (no vídeo acima fica evidente), contam mesmo com o próprio Ministério das Comunicações, cedido a eles pelo lulismo de resultados, mas essas alianças são precárias e podem migrar em busca de ambientes mais confortáveis para seus interesses eleitorais e pecuniários.

O processo vai se precipitar até que se complete a conversão tecnológica brasileira para o sistema digital, em pleno curso, hoje. As verbas publicitárias das televisões abertas encolhem a cada mês, na razão direta da queda nas audiências de sua grade de programação, os investimentos precisam ser feitos para acompanhar o salto tecnológico, a concorrência da internet é acirrada, e, assim, o futuro nada mais é que uma sombra ameaçadora que pode liquidar com os velhos baronatos de antigas famílias. Restam as alianças, as fusões e as incorporações, fórmulas igualmente antigas de o novo incorporar o arcaico em nome de um progresso que sempre foi para poucos. Ao Estado resta, na mesma medida, arbitrar menos em favor dos grandes capitais e mais em proveito da verdadeira democratização dos meios de comunicação. Este é um compromisso que a futura candidata Dilma precisa assumir, já que Lula ficou sentado no meio do caminho, entre o rochedo inarredável do seu espírito conciliatório e a pedra dura de sua incompreensão sobre o papel da comunicação social em nossos dias.

9 comentários:

Cé S. disse...

O Diário Gauche acerta na mosca, em três pontos. Primeiro, neste caso o apelo a um -ismo por parte da Rede Globo significa só "ai meu bolso tá doendo!". Segundo, o que está acontecendo é uma briga entre graúdos, gente que mexe com bilhões, e a Rede Globo está no lado mais fraco. Terceiro, não é por estar do lado mais fraco que o Estado precisa protegê-la, pois sua função no caso é cuidar dos interesses da sociedade como um todo, não de uma empresa privada.

Cássio Augusto disse...

Mas se a Globo pertence a Time Life!!!

marcos disse...

Quando A Última Hora cresceu e passou a incomodar, a velha e direitosa UDN não teve dúvidas: Usou do mesmo artigo da lei das comunicações para acusar Samuel Weiner de estrangeiro, querendo a todo custo impedir a circulação do jornal !!!

Anônimo disse...

A Globo não vai defender a livre iniciativa e o fim do monopólio?
Interessante.

Anônimo disse...

Ô Cristóvão:

A PRBS está fazendo um serie de "informativos" sobre a fabrica de chips que o Presidente Lula inaugurou hoje. O que eu acho estranho é que ao contrário do que sempre fazem, quando interessa aos obejtivos políticos, não mencionam se havia governo no RGSul na época.
Podias resgatar esta parte da história que os "Bunda Suja" estão querendo esconder.

Claudio Dode

Anônimo disse...

Nooosssaaa, mas eu estou até com peninha da Globo. Vamos passar a sacolinha par arrecadar uma ajuda pra eles.

Anônimo disse...

Sempre é bom lembrar q a Dilma foi decisiva na escolha do padrão digital japones para a tv brasileira, o q convenhamos, ñ foi uma boa escolha.
Tem uma historinha da Dilma q da bem a medida do quanto ela pode fazer nessa área. O pessoal das radios comunitárias estava participando de uma reunião com ela, como integrantes da frente em defesa do sistema brasileiro de tv digital. Pois a ministra teve a capacidade de perguntar o q eles tinhama ver com o assunto. Vai ser outro rochedo inaredável...

Eugênio

Unknown disse...

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Anônimo disse...

Mais falso que nota de 3.Abr.Roberto.

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