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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Direita tem nova estratégia para tentar desmontar Dilma Rousseff


Adeus ao método Zé do Caixão

Os jornais da direita brasileira - o denominado Partido da Imprensa Golpista (PIG) - estão começando uma campanha contra a ministra Dilma Rousseff, virtual candidata do presidente Lula à presidência da Republica em 2010. Quem dá a largada é o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, pertencente ao grupo RBS, um dos grandes beneficiários sulinos da ditadura civil-militar que assolou o País de 1964 a 1985.

A abordagem da campanha contra a única candidata da esquerda com vivas chances de vitória parte de uma estratégia oblíqua e por isso sutil e astuciosa. Trata-se de identificar a candidata Dilma como protagonista de cenários de conflito, de situações pregressas de confronto, de perturbações da ordem, de sublevação social, de motim contra o establishment, etc. A idéia é aterrar a classe média e deixar os investidores com as barbas de molho.

A série de reportagens de ZH, denominada "Os infiltrados", publicadas de domingo até ontem (3/2), tem como objetivo isso: reunir elementos objetivos e sobretudo subjetivos que apontem Dilma Rousseff como alguém com um perfil muito próximo de ser considerado como o de uma "terrorista" - na releitura ampla dada ao vocábulo por parte de Bush Jr. e o ultrapragmatismo Neoconservador com viés bélico - fonte na qual dez entre dez jornais brasileiros beberam até a embriaguez.

Em publicidade, essa velha técnica é denominada merchandising editorial (ou tie-in, no jargão norte-americano de publicidade & propaganda). Consiste em diluir o objeto da reportagem, no caso, a desconstrução da imagem da candidata lulista, em uma narrativa com muitos protagonistas, formando um painel abrangente e elucidativo de fatos obscuros ou mal contados pela história recente. O tie-in na publicidade comercial da televisão, por exemplo, é a introdução sutil de uma certa marca de carro na cena onde o mocinho persegue o bandido, ou de um refrigerante na cena doméstica da novela seriada. A força do apelo comercial está precisamente na sutileza e não na ênfase grosseira dos comerciais da publicidade comum.

A técnica da reportagem do tipo tie-in - desfocar para crivar com mais eficácia - está sendo uma das estratégicas do PIG, seus agentes e operadores. Só que ao invés de promover o seu objeto de incidência, como faz a publicidade comercial, no caso do jornalismo ideologizado do PIG, ao contrário, procura rebaixar a sua reputação e prestígio social.

Temos informações seguríssimas que a matéria de Zero Hora é apenas a primeira de outras tantas que estão sendo preparadas pela imprensa direitista brasileira. A revista Veja estaria preparando uma matéria sobre o famoso roubo do cofre do ex-governador Adhemar de Barros, de São Paulo, ocorrido em julho de 1969. A rigor, é a mesma matéria requentada da edição 1.785, de Veja, de 15 de janeiro de 2003. Só que naquela ocasião, o tom do texto era grosseiro, inquisitorial e policialesco, cenas de filme B. Com a nova estratégia tie-in, a matéria deverá ser mais extensa, na forma de um painel (pseudo) histórico, com mais personagens e um tratamento refinado e sutil ao texto.

Será mais para o cinema de Ingmar Bergman do que para o de Zé do Caixão.

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Alguém ainda terá dúvida sobre o caráter orgânico-partidário da grande imprensa brasileira? Um bloco unido, coeso, linha ideológica única, discurso afinado, militância articulada, ações coordenadas, intelectual orgânico de setores da classe média (urbana e rural), classes proprietárias, lúmpen-burguesia, do agronegócio exportador, setores bancário-financeiros, de representantes e associados dos interesses corporativos internacionais, militares com interesses econômicos e negociais, etc.

A prova evidente do caráter partidário da mídia brasuca é a flacidez dos partidos cartoriais tradicionais - PSDB, Democratas, PMDB, PPS, PTB, e outros menos votados.

Quanto mais a mídia faz-se porta-voz potente da direita, mais obsoleta e irrelevante torna a existência das aglomerações parlamentares-eleitorais, que acabam servindo só para registro legal de candidaturas junto à Justiça Eleitoral e valhacouto de lúmpens ascensionais.

Como alguém já disse, acho que foi o Stedile, os parlamentares e políticos profissionais deveriam - em vez de se identificar pelas siglas partidárias - usar jalecos ou macacões (como na Fórmula Um) com as logomarcas dos seus patrocinadores - aos quais dedicam as suas carreiras públicas como zelosos funcionários corporativos subalternos.

P.S.: Recebo nota do leitor Amaury: "Feil, pede aos teus leitores que alguém explique o que significa a frase que dá título à matéria de ZH, 'PM vira cabeludo com jeito hippie para investigar'. O que será que o editor quis dizer?"

Fac-símile da matéria "Os infiltrados", na edição de 01/fev/2010, de Zero Hora, páginas 20 a 22.

14 comentários:

Anônimo disse...

E sobre a pesquiza da XOV o que o articulista tem a dizer? Só não vale por a culpa por terem colocado o nome do José Serra escrito assim "Arres Ésoj" no tal de FDP digo PDF. Desculpe foi um pequeno erro de transmição de dados bem ao estilo petralha.

amaury disse...

Os textos são um primor de mal escrito "PM vira cabeludo com jeito hippie para investigar".

Onde essa gente aprendeu a escrever assim tão mal?

Vá escrever mal assim no inferno.

Fabrício Nunes disse...

Sinto estragar a indignação, mas a candidatura Dilma, ainda que não seja a mais bem vista pela direita brutal, está muito longe de constituir um projeto de esquerda.
Menos, Feil...

Anônimo disse...

Sobre a pesquisa...não acredito em pesquisas! Hehehehe....Ganhamos duas vezes com a pesquisas contrárias....! Vale o choro dos que estão para perder novamente....como no futebol...vai aqui a flauta ( graças a democracia Brasileira!) Nós vemos em 2014!

Luis disse...

Jesus Cristo era cabeludo e barbudo.Certamente não agradaria a refinada e sensível direita brasileira.

Juarez disse...

Fabrício, as candidatas religiosas Marina e Heloisa Helena é que são de esquerda, não?

Duas freiras na zona do Congresso.

Com o apoio da oportunista de carteirinha Lu Genro e do papa do oportunismo, Fernando Gabeira.

Me poupe, salgadinho.

Anônimo disse...

Feil, continuar a dizer que a Dilma é a candidata da esquerda é delírio puro. TODA a direita tradicional, coronelista e da ditadura (Sarney, Collor, Calheiros, Barbalho, etc -- a ÚNICA exceção são os Magalhães da Bahia) está no palanque da Dilma. Há mais gente que lutou contra a ditadura apoiando o Serra do que a Dilma. Sim, é surreal. Não me pergunte como chegamos a isso.

Jr. disse...

existe um "jeito hippie" de investigação?

deve ser o crusius nos velhos tempos de X9

Anônimo disse...

Feil, como propaganda subliminar, na qual a folhona dos frias são especialistas. A primazia da tentativa de desconstrução canalha de Dilma é dos frias, com a estória (por deturpada) sobre a luta armada de Dilma.

ET mercê da "jestão" demo-tucanalha continuamos naufragados aqui em Sampa. Kassab o menino do Serra é por demais de incompetente. Penso que perde para a Yeda.

armando do prado

Anônimo disse...

Ao Anônimo das 16:36:
Delírio é dizer que "há mais gente que lutou contra a ditadura apoiando o Serra do que apoiando a Dilma". De onde tiraste isto? Se não sabes que a candidatura da Dilma esta à esquerda da candidatura do Serra no espectro político, então, meu amigo, não sabes coisa nenhuma sobre a política nacional. Dizer que a candidatura da Dilma não é "de esquerda" é uma coisa (é uma questão discutível). Dizer o que disseste é, pura e simplesmente, demonstrar ignorância.
Carlos

Anônimo disse...

Carlos,

O Anonimo das 16:36 se enganou, certamente ele está falando dos facinoras da "ditabranda".

Ato falho.

Claudio Dode

Anônimo disse...

Feil,
linguagem oblíqua, subliminaridade, subjetividade e outros artifícios desse nível, são coisas que eu, tu e meia dúzia entendemos.
Agora, achas que tem alguém dentro do PT, ou em qualquer partido de esquerda, capaz de entender uma coisa dessas?
O que o Lula disse no discurso da abertura da I CONFECOM? Ele disse textualmente, que a mídia pode dizer o que bem entender, que o povo saberá distinguir entre a mentira e a verdade. Ou seja, nosso "líder proletário", numa frase imbecil, põe, por terra, toda a teoria da comunicação e todos os estudos acadêmicos sobre a mídia.

Eugênio.

Anônimo disse...

Ia me esquecendo: sem falar nas recomendações que recebemos, de dentro do PT, sob o quanto não é de bom tom "bater" na RBS...
Lembra disso?

Eugênio

Adir disse...

Outros tempos...Agora temos a blogsfera para sanear essas estupidezas dessa `direita` maneta!

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