“As pessoas jovens das minhas relações tinham algo em comum, por mais que se diferenciassem em tudo o mais: interessavam-se apenas por coisas do intelecto. Estavam informados sobre tudo o que aparecia nos jornais, mas só ficavam excitados quando se falava de livros. Uns poucos livros ocupavam o centro da sua atenção, e teria sido desprezado quem não estivesse informado sobre eles. Contudo, não se pode dizer que apenas eram repetidas certas opiniões gerais ou dominantes. Cada um lia tais livros; uns liam trechos para os outros, ou citavam passagens de cor.
A crítica não era apenas permitida, era bem-vinda; procurava-se encontrar pontos vulneráveis que abalassem a reputação pública de um livro. Esses pontos eram discutidos com ardor, sendo muito valorizados a lógica, a presença de espírito e o bom humor”. [...]
Da obra de Elias Canetti (1905-1994), um dos grandes intelectuais do século 20, “Uma luz em meu ouvido”, p. 121, editora Cia. das Letras, 2010, tradução de Kurt Jahn.
O autor se refere à época de sua juventude, ou seja, na primeira metade da década de 20, do século 20.
Um comentário:
Não gosto da Veja, mas recebi essa reportagem e achei bem interessante.
http://www.abdl.com.br/UserFiles/veja.pdf
Já vi casos assim em escolas e acho que há a possibilidade de, como professores, fazer "um livro puxar outro".
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