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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Yeda, uma pobre de espírito
A governadora Yeda se despediu das suas funções públicas com a marca de suas irrealizações: falou pouco e disse quase nada, a não ser as doideiras e as imprecisões de sempre. Quis citar Maquiavel (duvido que ela saiba quem seja o cara) mas lhe saiu uma frase que lembra vagamente o primeiro cientista político, e que se refere ao preço que o príncipe paga por introduzir modificações no seu modo de dominação. Assim, Yeda, depois de inspirar-se no seu almanaque Capivarol, sugere que tenha sido um príncipe, ela própria, e que colheu adversidades ao longo do seu quadriênio pelo fato de ter introduzido um novo jeito de enganar. Pobre Yeda! Sua curta acuidade política não lhe permite enxergar o quanto foi rejeitada. Mencionou a iraniana Sakineh, prisioneira por crimes comuns, querendo levantar bandeiras com as quais não tem a menor intimidade como a dos direitos humanos, ela, governadora e comandante de uma polícia militar que assassinou pelas costas um agricultor pobre e sem terra, num caso encoberto por chicanas e manobras burocrático-militares para esconder o verdadeiro assassino.
O ponto alto do seu discurso de despedida do Piratini, entretanto, foi a afirmação segundo a qual o general Bento Gonçalves da Silva teria sido o primeiro governante guasca a ser inquilino do Palácio Piratini, tendo o cuidado até de precisar a data. Para a governadora tucana o fictício acontecimento ocorreu no ano de 1921, quando todos sabem que o dirigente farrapo morreu em julho de 1847. Não é de estranhar mesmo esses exercícios súbitos de ficção em Yeda, mas sim, do silêncio solidário da mídia amiga do Rio Grande.
Sempre com seus enigmas, Yeda proferiu duas vezes uma sentença em tom epigramático: "A realidade é uma virtude". "A realidade é uma virtude". Confesso que não estou preparado para entender o significato de tão virtuosa e inteligente oração. Pressinto as suas qualidades, mas desconheço seu alcance filosofal. Contudo, enquanto não a entendê-la por inteiro, prefiro classificá-la junto àquelas frases que se lê em carros pelas nossas ruas, como "A inveja é uma merda" e "Deus é fiel".
Mesmo depois de ser atingido por essas setas de nonsense, garanto que fiquei feliz, afinal, dona Yeda estava de partida. Ela desceu as escadarias do Palácio Piratini e - por prudência, ainda que no último minuto - preferiu sair pela porta lateral, onde se introduziu em um veículo de vidros tão escuros quanto o anonimato que a aguarda. Yeda não quis evitar as vaias candentes, mas sim a mais absoluta indiferença e frieza dos poucos que teimavam em permanecer defronte à sede do governo estadual àquela hora matinal do primeiro de janeiro de 2011.
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16 comentários:
há alguns meses, quando a ex-gov. falou sobre a reforma no piratini, ahvia dito a mesma coisa. que bento gonçalves havia estado ali. será que NINGUÉM de sua assessoria teve condições de corrigi-la?
Sim, mais ''gente'' esteve ali nesses 4 anos: o Capeta, o Coisa Preta, o Chifrudo.....VADE RETRO, SATANÁS!!!
Também eu não compreendí o discurso... acho que ela foi influenciada pela novela da globo que tratava da Rev. Farroupilha, que mostrava o Taimbezinho no caminho entre Barra do Ribeiro e ...Pelotas !
Tanta ignorância histórica é compatível com a geográfica da globo, talvez sua fonte maior de informação.
Hoje tive a maior alegria dos últimos 4 anos. Estive no Palácio Piratini e tive a certeza de que a Bruxa não reside, não "trabalha", nem foi vista nas imediações do Palácio.
Que os ventos a levem bem para longe!
Já foi tarde.
Que doideira!
Dna. Maria Louca era mais sã do que essa maluca que propagava o famoso choque de jestão (atenção é com jota mesmo)
Variação da piada de Brasília, envolvendo o Serra e a Dilma.
Dia 01/01/2011. Um cara fala pro segurança do Piratini: Chama a Yeda aí prá mim, que eu quero falar com ela. Educadamente o segurança explica que quem mora no palácio é o Tarso Genro, pois ele ganhou a eleição. O cara balança a cabeça e vai embora.
Dia 02/01/2011. O mesmo cara volta e fala a mesma coisa para o mesmo segurança. Ele polidamente responde que a Yeda não mora mais no Palácio, porque o Tarso ganhou a eleição e o caboclo vai embora sem falar nada.
Dia 03/01/2011. DE NOVO! O cara vem e repete a cena. O segurança já sem paciência diz: Po**a cara, já te falei que é o Tarso quem mora aqui, pois foi ele quem ganhou a eleição para Governador.
Com um sorriso nos lábios o cara se desculpa e diz: Não leva a mal, mas é que eu adoro ouvir você falar isto. O segurança sorri também e se despede: Então até amanhã, cidadão.
Além do colono assassinado, ficou mal investigado pela polícia tucana a morte do ex-chefe da Representação do Governo do Rio Grande do Sul em Brasília. Não sei no que deu o inquérito, mas, caso foi encerrado, acho que seria o caso do governo petista do DF reabrir para ver no que pode dar.
ela devolveu o puff e as outras mobilias para o tarso abrir o brechó?
Ela repetiu a asneira do Bento Gonçalves, tão lunática e isolada que nem ouvia ninguém corrigi-la quando afirmou aquela asneira da primeira vez... Que vexame...
Senhores!
Quem disse que um tucano é capaz de citar um fato histórico, um único que seja, sem distorcê-lo? Prestem atenção a um discurso do príncipe regente formado em Harvard, do picolé de chuchu, do dono de laboratório de genéricos... Todos falam coisas absurdas e sempre falam em compromisso social. Compromisso social pra eles deve ser jantar com amigos e família em algum restaurante carésimo.
Não julguem tão mal a pobre, ela foi coerente até o último minuto! Ela foi tudo que podia ser: uma mulher limitada, rancorosa e raivosa, baseada no mesmo modus operandi do setor político que ela representa, a política perversa e baseada na intimidação pelo poder do dinheiro.
Culpa, de verdade mesmo, tem quem elegeu essa senhora. Com certeza é o mesmo tipo de pessoa que elegeu o picolé de chuchu em São Paulo. Pobre estado rico aquele. Aliás, esse povo todo podia se mudar para São Paulo! Já pensou que beleza?
Abraços. Wladimir
"Uma tartaruga em cima dum poste
Enquanto suturava um ferimento na mão de um paciente idoso, o médico estabeleceu conversa com ele sobre o Estado - qualquer Estado - e, como era inevitável, sobre a governadora, também uma qualquer, tanto faz para o caso. A certa altura o paciente disse:
- Bom, o senhor doutor sabe, a governadora é como uma tartaruga em cima dum poste...
Sem saber o que é que ele queria dizer, o médico perguntou o que queria dizer com isso de uma tartaruga num poste.. E o paciente respondeu:
- É quando o senhor vai por uma estrada, e vê um poste com uma tartaruga tentando equilibrar-se em cima dele. Isso é que é uma tartaruga num poste...
Perante a cara de interrogação do médico, o paciente acrescentou: Então é assim: "O senhor doutor
- não entende como ela chegou lá;
- não acredita que ela esteja lá;
- sabe que ela não subiu lá sozinha;
- sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
- sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
- e não entende por que a colocaram lá!
Perante isto tudo o que temos que fazer é ajudá-la a descer e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima, definitivamente, não é o seu lugar!"
Linchar a Yeda não adianta.
Ela foi eleita.
E mais: o PSDB continua forte no estado, com todo o linchamento que a Yeda sofreu.
José Serra ganhou no segundo turno no RS nas principais cidades. Se fosse pelo RS, tínhamos invertido os pólos, Tarso aqui, Serra lá.
Hora de ter humildade e avaliar o equívoco da estratégia da esquerda.
A postura Fora Yeda não construiu projeto. Tarso ganhou muito mais pelos erros dos adversários do que pela construção de um projeto à esquerda.
A esquerda precisa se repensar no RS, e uma das estratégias que precisa rever é o linchamento da imagem de indivíduos da direita. Gritamos oito anos Fora FHC e agora 4 anos Fora Yeda. O PSDB se desgastou com isso?
A direita ataca Partido. O PT sangrou nos ultimos oito anos, desse sangue surgiu o PSOL, a esquerda que a direita gosta. O PSDB rachou? Quase com Aécio, mas ficou no quase...
Vamos pensar nisso.
igor, não acho que, no Estado, o psdb seja forte. na real, a fraqueza do partido foi um dos motivos pelos quais seu governo teve tantos problemas. nacionalmente, a oposição, com certeza, não está morta. mas psdb, aqui, foi uma idéia que não se criou.
certamente o tarso venceu a eleição, entre outros vários fatores, pela incapacidade dos adversários. mas yeda foi eleita exclusivamente por causa de seus adversários. encarnou uma idéia confusa de algo novo e fez um governo que, de novidade, apenas apresentou os maiores índices de indigência no trato com a política.
enfim, minha opinião.
abraço.
Esta postagem fica como o texto definitivo sobre a despedida de Yeda do poder.
Penso que a colocação do Igor é muito pertinente. Pelo aspecto de composição atual da estrutura de sustentação do gov Tarso nos terceiro e quarto escalão, sem falar nos "companheiros" do PTB e PDT (estes cada vez mais fisológicos como os primeiros), vemos "companheiros" comprometidos com seu umbigo. Me parece que a mudança a empreender é ampla e profunda, valores não são fáceis de mudar e as pessoas estão cada vez mais interessadas em ingressar na carreira pública para auferir ganhos privados, principalmente.
Não sou nenhum santo, mas acho que é necessário um amadurecimento e a necessidade de fortalecer conceitos, princípios norteadores para nossa nova esquerda, para mim sem essa de PPP - esse tipo de parceria é prato cheio pra negociata e corrupção. É o que penso.
Caio
Apenas acho curioso tantos comentários desfavoráveis à ex-governadora, que foi embora para bem longe, alguns dias depois de nosso "Excelentíssimo" governador-salvador petista Tarso Genro aprovar, com ampla maioria comprada na assembléia (incluindo os tão criticados PTB e PP), seu primeiro projeto, que lamento imaginar que será emblemático nestes 4 anos vindouros: aumento dos vencimentos para os CC's (Cargos para os Companheiros). Esta será apenas a primeira mancha negra deste governo que, novamente lamento pensar, será marcado por patrocínios bancados com verba pública, para os quais seus eleitores farão a já tão bem treinada vista grossa, elegendo medidas diferentes das que usaram e usam sobre seus adversários. Muito fácil gritar "Fora Yeda", quando se calam os "Fora, Mensaleiros".
Igor de Fato: Tarso ganhou a eleição se utilizando da Polícia Federal Petista (nos vossos termos...), do seu partideco de fantoche, o PSOL, de sua milícia escolar, o CPERS, e de várias outras táticas, inteligentes, concordo, mas bem pouco éticas sob meu ponto de vista. Tudo isso, sentado na cadeira da moralidade que, os gaúchos hão de constatar, era feita do mais puro cinismo.
Não espero ver este comentário postado (assim como vários outros que certamente devem ter sido censurados, por não concordarem com o pensamento do editor do blog), mas em todo caso, resolvi colocar minha opinião, que não é anônima, coisa que desprezo.
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