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quinta-feira, 5 de abril de 2012

O marxismo e a deficiência mental (da direita)



Inquisição e extermínio

Paul Preston, o mais conhecido historiador britânico da Espanha moderna, revela a plena extensão do que define como "holocausto espanhol" do século 20 em seu novo livro, sobre a horrenda repressão e a violência perpetradas pelo general Francisco Franco. O livro também ajuda a explicar a oposição continuada que existe na Espanha quanto ao reconhecimento dessa história sombria.

Mais de 200 mil pessoas foram mortas na Guerra Civil Espanhola, e outras tantas morreram longe das frentes de batalha. Preston mostra como as vítimas foram estigmatizadas. Ele também detalha a violência do lado republicano: os assassinatos extrajudiciais, as execuções após julgamentos sumários, a destruição causada pelas colunas anarquistas e o papel de agentes soviéticos no massacre de trotskistas.

Mas é a violência sistemática das forças de Franco que causa maior choque. Preston descreve como 12 mil crianças foram roubadas de suas mães e as experiências médicas conduzidas pelo comandante do serviço psiquiátrico franquista, que buscava uma causa patológica para as ideias esquerdistas, um "gene vermelho" que vincularia o marxismo a uma deficiência mental, como parte de um racismo eugênico para "depurar nossa raça".

Recentemente, os juízes da Suprema Corte espanhola decidiram demitir o juiz Baltazar Garzón de seu posto, em um caso envolvendo gravações de conversas entre advogados de defesa e seus clientes em um processo de corrupção. Líderes locais do partido do premiê espanhol haviam sido acusados de conceder contratos em troca de propinas. A Suprema Corte decidiu que Garzón havia excedido em seus poderes.

Garzón é o juiz que solicitou a detenção do general chileno Augusto Pinochet em Londres por supostos crimes contra os direitos humanos. Ele também havia iniciado uma investigação sobre a morte de 114 mil pessoas durante a Guerra Civil Espanhola. A Suprema Corte decidiu, quanto a este processo, sustentar os termos da lei de anistia espanhola de 1977, afirmando que ela foi crucial na transição pacífica espanhola da ditadura à democracia, em 1975.

Há a informação de que cerca de 300 mil bebês espanhóis foram roubados de suas mães e vendidos para a adoção, com a conivência da Igreja Católica, entre 1939 e 1989. As mães foram informadas de que seus bebês morreram. A lei de anistia, uma vez mais, impede a investigação de crimes ocorridos na era Franco, mas promotores estão investigando 900 desses casos em todo o país.

A justificativa de freiras e médicos que perpetraram esses crimes era a de que as mães não eram competentes para cuidar de seus filhos, e que as crianças ficariam melhores sob a guarda de pais "devotos".

Artigo do professor Kenneth R. Maxwell, historiador britânico, publicado hoje na Folha.


2 comentários:

Nelson disse...

Não podemos acusar os ditadores argentinos (1976-1983) de desconhecerem a História. Parece que eles foram buscar a inspiração para muitas das barbaridades que cometeram na Guerra Civil Espanhola

Anônimo disse...

muito bom este artigo sobre este holocauto perpretado pela direita. O articulista bem que podia montar um artigo sobre o holocauto perpetuado pela esquerda em que 6 milhões de Ucranianos foram dizimados em menos de 3 anos a maioria deles mulheres e crianças ob. Por favor faça um artigo.

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