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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Zero Hora: demagogia, filistinismo e über cinismo


Ganância que mata? Como assim?

O grupo RBS/jornal Zero Hora tem uma visão de mundo (e difunde-a diariamente nos seus veículos) que  estimula precisamente a ganância - a mesma que afirma ter matado centenas de vidas em Santa Maria, domingo último, numa arapuca funérea com fachada de casa de diversão noturna. 

As empresas de comunicação da família Sirotsky são pródigas em difundir a ideologia e as práticas do capitalismo selvagem e do darwinismo social mais predatório. Como podem - agora - apontar a ganância como elemento simbólico que mata e destroi famílias? ZH quer empilhar convexo com convexo, não dá certo, nem na geometria, muito menos na concretude das palavras metafóricas. As peças dessa retórica esfarrapada não se encaixam. Tudo fica postiço e falso, resultando num jornalismo de fachada recamado por uma retórica de ocasião - demagógica e filisteia. 

De Zero Hora pinga o cinismo e vaza a impostura. Resulta um veneno perigoso e letal, se engolido por ingênuos e desavisados. Veneno que mata!

Fac-símile acima da página 6 da edição de hoje do jornal Zero Hora. 

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A título de sugestão aos familiares das vítimas da boate Kiss: organizem-se. Não esperem o esbulho e o descaso acontecer. Somente haverá justiça depois de muita luta organizada e preventiva. O Estado que temos, o Judiciário que contamos, são muito pequenos e inorgânicos para darem conta de direitos e garantias de que esses familiares e amigos de vítimas buscam, com legitimidade e dor. 

Organizem-se e lutem de forma unitária e intensivamente. Nada cairá do céu. A justiça e a conquista de direitos ainda são exclusivo resultado da nossa luta. Neste campo, nada é automático e mecânico, tudo é movimento e luta.    

13 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Olívio Dutra disse que todo o empresário é ganancioso. Nessa ótica primária de vida, que generaliza tudo, porque o empresário também é um empreendedor, se entende o conteúdo e a mensagem deste post.
E o que o Brasil mais precisa é de empreendedorismo.
Não estou aqui defendendo a ZH, com a qual tenho divergências, mas atacando a ótica simplória, primária e manipuladora.

Ed.Londero disse...

Zero Hora ontem disse que "Falhas Banais causaram a tragédia".
Falha banal é chegar tarde na parada e perder o ônibus.
Qualquer pessoa que gastasse dois minutos refletindo sobre a tragédia escreveria que "Omissões Capitais causaram a tragédia".
"Falhas banais" sugere um esforço destinado a diluir a responsabilidade do proprietário sobre as condições do estabelecimento (e poderia ser um supermercado, um cursinho pré-vestibular), que em última análise deve demonstrar zelo e cautela com o seu negócio.
Zelo, cautela e honestidade fazem parte do empreendedorismo, do contrário estamos alimentando abutres rapineiros.

Anônimo disse...

Ganância que mata.
É exatamente os termos empregados na Coréia, no incêndio e desabamento de um shooping de vários andares.
O empresário lá foi acusado de "ganância", os coreanos não tem viseiras ideológicas.
É ganância na velocidade do Titanic, e na falta de botes.
É ganância a lotação do Bateu Mouche.
É ganância fechar as portas do Ycuá Bolanõs (400 mortos) para impedir que saísse gente sem pagar.
É ganância venderem gasolina batizada.
É ganância pagarem uma fração do que vale teu trabalho (tu trabalha?).
É ganância venderem remédio falsificado. 30% dos remédios brasileiros.

Anônimo disse...

"Ótica simplória, primária e manipuladora", justamente essa a ótica da tua classe maia sem alça.
Classe média retrógrada e conservadora, gananciosa e sonhadora de um ser burgues.
Ledo engano essa classe média reacionaria pensar que um dia terá os mesmos direitos e justiça da burguesia. A ela o Estado pertence e seus serviçais prestam tributo. E pensam que se trabalharem, forem "corretos e honestos", herdarão o paraíso. Este pertence apenas aos escolhidos(bem nascidos e donos do poder).
Queria ver se a merda tivesse sido com os "pau de arara" lá nos cafundó do sertão, mandado queimar por algum "coroné", ia causar tanta comoção, indiguinação e solidariedade.

Lembram dos filinhos de papai que botaram fogo no índio Galdino?
Estão livres e na boa os filhos da puta.
Massacre atraz de massacre, essa gente nunca paga pelos crimes que comete.
"Sonha Marcelino"!!!

Soares disse...

Por coerência Maia, que é a favor do Estado mínimo, deve ser a favor do indivíduo máximo.
O indivíduo, na ausência do Estado, assume tarefas: participa da comunidade, tem iniciativas em saúde e educação.
No Estado Mínimo o empresário é inteiramente responsável pelo que ocorre em seu estabelecimento.
Na Inglaterra eles pensam assim.
Lá não tem intermediários entre um homem e sua liberdade e suas responsabilidades.
Churchill não tinha complacência com especuladores de terras, Tatcher enfrentou as companhias de energia e baixou o preço da eletricidade.
Isso mesmo: Tatcher quebrou os sindicatos E enfrentou as empresas de energia.
Igual a uma presidenta que tu secretamente admira.
No Brasil ignorante, ser neoliberal virou uma lealdade canina e radical a favor dos endinheirados.

Nelson disse...

No capitalismo em sua fase neoliberal, o descaso com a segurança e integridade das pessoas, identificado na boate de SM, não deveria surpreender. É resultado, sim, e nisso ZH está correta, da ganância.

Nessa fase neoliberal, o Estado não pode fiscalizar e garantir essa segurança porque não tem pessoal suficiente. Os recursos necessários para tanto são absorvidos pela dívida pública que acabam beneficiando unicamente, de novo, os grandes capitalistas, que passaram a ser também rentistas a especular com os títulos dessa dívida.

Se acaso algum governo pensa em recuperar, reestruturar o Estado, para isso contratando mais funcionários, lá vem a grita dos neoliberais e seus defensores, entre eles a ZH, de que estão "inchando a máquina pública", que querem um "Estado elefante" e outros quetais.

Já o empresário, assim que puder, vai investir o menos possível em segurança ou coisa que o valha, pois, do contrário, "o lucro não vem", justifica.

Não há outra saída para nós. Ou rompemos com essa lógica capitalista neoliberal ou a tendência é de que venhamos a chorar mais e mais tragédias. Daqui para a frente, cada vez mais o capitalismo vai nos oferecer coisas desse tipo.

Anônimo disse...

O Fell, porque tu fica dando espaço para um FILHO DA PUTA desses como o maia? Um boçal a escrever suas asneiras por aqui.Essa escória ja não tem espaços suficientes?

Anônimo disse...

Uai! Ser a favor do Estado mínimo e depois quebrar o pau com empresas de energia, pra mim soa como um contrasenso. "Deixa que o mercado se regula!"; "A concorrência é saudável!"; "Privatizando acabaremos com déficit público!"; "Crescer para dividir o bolo!" e "Blá, blá, blá, blá!". De fato, o bolo tá cada vez maior, só que a cada dia menos gente come de suas fatias. As grandes corporações estão canibalizando tudo. É a verdadeira festa do cabide. Todo mundo peladão na maior sacanagem. Enquanto isso ficamos aqui dando tratos dignos ao suor de nossa labuta, que na verdade alimenta o taradão da festa que só pensa em carcar na gente. Tão carcando... E o fiofó tá ardendo... Depois, como fazem nas linhas de montagem, nos bancos e em todos os cantos, colocam as bonecas infláveis que não geram custos, nem reclamam da pemba no final do mês. As máquinas nos tornaram obsoletos e assim como as estatais que criavam déficits e foram pro saco, nossa hora irá chegar. É só esperar.

E tem gente que acredita na estórinha da Carochinha: A Dama de Ferro e o Livre Mercado.

Anônimo disse...

O maia sem alça é igualzinho à esposa do servidor público que usa farda: ninguém seque espinafra ele em casa, pois não vale a pena perder tempo com aquele lixo do blog dele. Então o sujeito vem aqui pra tomar porrada.

Vai encher o saco lá no blog do reinaldo azevedo(onde gente da tua laia tem orgasmos lendo asneiras).

Masoquista duma figa, se não tiver o que fazer vai te agarrar num pé de tuna.

Joel

Daniel Cunha disse...

Exatamente, falar em ganância é atribuir tudo a uma conduta individual subjetiva. Mas o que se viu lá foi o sintoma de um mal sistêmico. Escrevi um texto sobre isso:

http://oradicallivre.wordpress.com/2013/01/28/a-camara-de-gas-de-santa-maria/

Anônimo disse...

Um "empreendedor" uma vez me disse:
Extintores de incêndio é CUSTO.
Reforma para aumentar largura de porta é CUSTO.
Sprinklers, alarme sonoro, e iluminação de emergência é CUSTO.

Se der problema a gente pôe a culpa nos frequentadores ou nos bombeiros, essa gente acomodada sem espírito empreendedor.

Anônimo disse...

A descabelante e tramatizante tragédia, desde o Brasil colônia, é notícia repetitiva. A política de administração pública é assim: na base do troca-troca.

Pelo olhar das Artes e dos pequenos negócios, o importante é sobreviver.

Todos sabemos das inúmeras papeladas e autorizações. Os impostos chovem de todos os lados. Sobre as leis, no jornal O Globo um interessante advogado falou das "melhores leis de segurança do mundo". Parece o discurso ambientalista, que diz o mesmo.

Mas NA PRÁTICA não vemos as leis aplicadas, os largos impostos não correspondem a fiscalização, as melhorias nos estabelecimentos não acontecem quando os olhos se fecham por propina.

Leis mais claras, enxutas, e aplicadas com o peso das responsabilidaes - a lei do trânsito por exemplo. Parece estar indo por esse caminho... Afora o filho do Eike Batista. Descobriu que a perícia não é lá essas coisas - ele atropela, mata e que se lanhe o mundo. Tristes limites...

Anônimo disse...

Pronto.
Os intelectuais decidiram que os culpados sao o Maia e a Zero Hora.

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