quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ao amigo Minhoca, que partiu hoje


Santo e senha

Deixem passar quem vai na sua estrada.
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar e não lhe digam nada.

Deixem, que vai apenas
Beber água de Sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.

Vem da terra de todos, onde mora
E onde volta depois de amanhecer.
Deixem-no pois passar, agora

Que vai cheio de noite e solidão.
Que vai ser
Uma estrela no chão. 

Miguel Torga

5 comentários:

  1. Quando morre um sábio é como uma biblioteca que se queima. Ficou o exemplo, a amizade e as estórias.

    "Uma pessoa deve ser lembrada não quando chega, mas pelo número de pessoas que deixa ao partir."

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  2. Não conheci o Minhoca pessoalmente, mesmo sendo da mesma geração, nunca estavamos na mesma cidade ao mesmo tempo. Mas sua biografia é de um lutador contra a milicada e as elites de direita deste país.

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  3. Grande Minhoca!

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  4. Não há como expressar como uma pessoa que passou por tortura, perseguição e toda adversidade possivel em sua vida pessoal e politica, conseguia-se manter tão verdadeiramente alegre e transmitir isso a seus inumeros amigos.

    Não merecia passar pela dor que passou nessa altura de uma vida dedicada a uma causa.

    Meu grande irmão descanse em paz.

    do seu amigo,

    Clairton Schardong

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  5. Condolências, amigos.

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