quarta-feira, 8 de setembro de 2010
A primeira feminista
Filme inspirado no ensaio de 1982, "Sor Juana Ines de la Cruz, o las trampas de la fe" de Octavio Paz (Nobel de literatura de 1990), esta história narra os últimos anos da célebre e bela Juana Ines de la Cruz (1651-1695), conhecida no México como "A Décima Musa", que se recolhe a um convento para poder estudar.
O México, na época colonial estava fortemente dominado pela Coroa espanhola e pela Igreja católica. Durante toda a sua vida a irmã Juana esteve marcada por esses dois poderes.
Os vice-Reis a protegem. A Igreja desaprova uma freira que não só ensina canto a suas alunas, mas também se dedica à astronomia, poesia, teatro, filosofia e teologia. Tampouco vê com bons olhos os apaixonados sonetos dirigidos à vice-Rainha, a doce Marquesa de Laguna, e a sua literatura de qualificação do papel das mulheres no mundo.
Juana pagará muito caro seu fervor poético e mais ainda seu atrevimento teológico. Quando os vice-Reis retornam à Espanha, ela se vê frente a frente com o seu confessor, qualificador da Inquisição, e arcebispo do México, um misógino fanático. O cerco se fecha até que ela acaba caindo numa armadilha montada pelo bispo de Puebla. Acaba tendo que renegar a si própria, de sua imensa força criadora, e de seu talento.
Juana, segundo a Wikipédia, era muito dada a fazer trocadilhos, a verbalizar substantivos e a substantivar verbos, a acumular três adjetivos sobre um único substantivo e reparti-los por toda a oração, e ter todas essas liberdades gramaticais que coloriam e encantavam seus textos.
"Yo, la peor de todas", o filme de 1990 da diretora mexicana Maria Luisa Bemberg é também estrelado pela maravilhosa Dominique Sanda (de O Jardim dos Finzi-Contini, do diretor Vittorio De Sicca).
...........................
Pensei duas vezes antes de indicar esse filme, hoje. Vá que a Folha de S. Paulo cisme com o martírio de Juana e coloque uma manchete no dia seguinte: "Dilma mandou Juana para a Inquisição".

Nenhum comentário:
Postar um comentário