domingo, 1 de agosto de 2010

Há algo mais bobo na vida?


Há algo mais bobo na vida
do que chamar-se Pablo Neruda?

Por que não nasci misterioso?
Por que cresci sem companhia?

Com as virtudes que esqueci
posso fazer uma roupa nova?

Onde está a criança que fui
segue dentro de mim ou se foi?

Por que não morremos os dois
quando minha infância morreu?

Ontem, ontem disse a meus olhos
quando voltaremos a nos ver?

Em que janela permaneci
olhando o tempo sepultado?

O que olho de longe
é o que ainda não vivi?

O que me aguardava na Isla Negra?
A verdade verde ou o decoro?

Se estiver morto e não me der conta
a quem pergunto as horas?

Quem me mandou soltar
as portas de meu próprio orgulho?

Por que me movo sem querer
por que não posso ficar imóvel?

E se a alma me caiu
por que me segue o esqueleto?

Por que vou rodando sem rodas
voando sem asas nem penas?

Ou não será a vida um peixe
preparado para ser pássaro?

Onde termina o arco-íris,
em tua alma ou no horizonte?

Pablo Neruda, in "El libro de las preguntas"

Tradução deste blogueiro
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Uma leitura sempre agradável é a autobiografia do poeta Neruda, "Confesso que vivi". Como diplomata, Neruda (foto) morou em muitos lugares distantes do seu Chile, viajou muito, conheceu pessoas, escritores, poetas, artistas, e teve muitas mulheres. Sua prosa é colorida e cativante. Um figuraço!

6 comentários:

  1. pena que como poeta fosse tão medíocre, né, Feil?

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  2. É provocação Lucas ? Medíocre é forçar a barra. Pode até estar um pouco datado, mas não acredito. É um poeta de seu tempo.

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  3. Recomendo quem for ao Chile visitar a residência de praia de Neruda, Isla Negra, ali perto de Viña e Valparaiso. É uma casa maravilhosa com vista para o Pacífico.

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  4. Neruda medíocre?
    Discordo desta colocação como leitor e como poeta.
    Os versos de Neruda, mesmo em forma de sonetos, se destacam pela riqueza de metáforas e de imagens surrealistas, sem esquecer o conteúdo social de alguns de seus livros.
    Neruda está para a literatura hispano-americana, assim como Pessoa e Machado para a luso-brasileira.
    Puedo escribir los versos más tristes estanoche...

    Ricardo Mainieri

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  5. Desagravo a Neruda

    Sopraram ao vento
    que Neruda
    era um poeta medíocre.

    Afundou-se o Nobel
    no mais profundo oceano
    de sua limitação.

    Seria inveja?
    Seria empáfia?
    Seria provocação?

    Nada sei.

    Apenas deixo
    Neruda & suas metáforas
    vigorosas & viscerais
    navegar em mim...



    Ricardo Mainieri

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  6. não liga não, gente. esse lucas é um baiano chato - raridade entre os da bahia.

    só vem nos blogues pra pentelhar e não diz coisa com coisa

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