segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quem tem medo do caso Eliseu Santos?


Mas os mortos agora se levantam... e de nossas cadeiras nos empurram

Reproduzimos abaixo, post publicado aqui no dia 2 de março último. Como se pode observar, os fatos das últimas horas apontam que este blog (e muitos outros blogs não alinhados com o pensamento de bombachas) estava soterrado - qual mil Haitis - de razões. Leia e constate:

Sangue chama sangue...

"Derramado muito sangue já foi, nos velhos tempos, antes que a humana lei limpado houvesse o mundo dos pagãos, sim, e até mesmo depois têm sido perpetrados crimes terríveis de se ouvir. Já houve tempo em que, saltado o cérebro, morria de vez alguém e... tudo estava feito. Mas os mortos, agora, se levantam com vinte fatais golpes na cabeça e de nossas cadeiras nos empurram. É mais estranho do que o próprio crime".

(Uma fala de Macbeth, da peça homônima de William Shakespeare.)

Em outra parte da tragédia shakesperiana, Macbeth garante que "sangue chama sangue", ou seja, que a um assassinato, motivado pela cobiça ao poder ou ao dinheiro (ou ambos), seguem-se sempre muitas outras mortes violentas.

Voltando ao nosso mundo guasca, onde não faltam punhais, sangue, afogamentos misteriosos, traições, bruxas, vilões, e muitos olhos rutilantes de poder e dinheiro: a Polícia Federal não pode ficar de fora do chamado caso Eliseu Santos.

Deixar o caso aos cuidados (exclusivos) da polícia da governadora Yeda é uma temeridade ímpar. Uma irresponsabilidade cívica. A polícia estadual está investigando o caso de forma seletiva, parcelar e isolada. Para a direita, a mídia guasca, e os políticos comprometidos com os governos Yeda e Fogaça trata-se do "caso da Rua Hoffmann", tão-somente. Uma redução cômoda e oportunista. Ora, isso não é conto de Edgar Allan Poe! Os crimes da rua Morgue. Os crimes da rua Hoffmann.

O assassinato do secretário de Fogaça traz um fio condutor manchado de sangue e corrupção. A rigor, são os crimes do Rio Grande do Sul, e não da rua Hoffmann, somente. As conexões deste crime são óbvias e estão com as pontas tão perigosamente expostas como um feixe de fios desencapados.

A Operação Pathos da Polícia Federal, que investiga a empresa paulistana Sollus, apura o desvio de R$ 9 milhões dos cofres municipais de Porto Alegre, entre 2007 e 2009. O ex-secretário assassinado prestou depoimento à PF horas antes de ser abatido a tiros na via pública. Objeto do depoimento de Eliseu Santos: operação Pathos e desvio de recursos públicos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Horas depois Eliseu Santos estava morto, por morte matada.

Não vê quem não quer a estreita ligação entre os fatos.

Como diria Macbeth, não reconhecer esses nexos, é mais suspeito que o próprio crime da rua Hoffmann.

Foto: Eliseu Santos, o assassinado, e o prefeito José Fogaça (escrevendo). "Mas os mortos, agora, se levantam... e de nossas cadeiras nos empurram."

4 comentários:

  1. O que me deixa ainda nais preocupado é a imediata adesão às teses governistas da mídia. Não me espanta as mentiras diárias para manter os amigos no poder.Mas daí a ocultar assassinato...
    www.miguelgrazziotinonline.blogspot.com

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  2. Anônimo5/4/10 10:04

    Graziotin,

    Não seria, por acaso, uma adesão do desGoverno as teses (ou interesses) da midia?

    Um cadáver "Vivo" não poderia atrapalhar os projetos das candidaturas do PRBS?

    Claudio Dode

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  3. A mídia guasca continua a plantar versões para a parcimoniosa elucidação feita pela polícia civil.Qquando sangue ainda vai correr até que caia a máscara das abelhinhas, santanas e políbios da vida ?

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  4. Políbio?

    Existe isso?

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