terça-feira, 2 de março de 2010

Polícia Federal deve investigar o assassinato do ex-secretário de Fogaça


Sangue chama sangue...

"Derramado muito sangue já foi, nos velhos tempos, antes que a humana lei limpado houvesse o mundo dos pagãos, sim, e até mesmo depois têm sido perpetrados crimes terríveis de se ouvir. Já houve tempo em que, saltado o cérebro, morria de vez alguém e... tudo estava feito. Mas os mortos, agora, se levantam com vinte fatais golpes na cabeça e de nossas cadeiras nos empurram. É mais estranho do que o próprio crime".

(Uma fala de Macbeth, da peça homônima de William Shakespeare.)

Em outra parte da tragédia shakesperiana, Macbeth garante que "sangue chama sangue", ou seja, que a um assassinato, motivado pela cobiça ao poder ou ao dinheiro (ou ambos), seguem-se sempre muitas outras mortes violentas.

Voltando ao nosso mundo guasca, onde não faltam punhais, sangue, afogamentos misteriosos, traições, bruxas, vilões, e muitos olhos rutilantes de poder e dinheiro: a Polícia Federal não pode ficar de fora do chamado caso Eliseu Santos.

Deixar o caso aos cuidados (exclusivos) da polícia da governadora Yeda é uma temeridade ímpar. Uma irresponsabilidade cívica. A polícia estadual está investigando o caso de forma seletiva, parcelar e isolada. Para a direita, a mídia guasca, e os políticos comprometidos com os governos Yeda e Fogaça trata-se do "caso da Rua Hoffmann", tão-somente. Uma redução cômoda e oportunista. Ora, isso não é conto de Edgar Allan Poe! Os crimes da rua Morgue. Os crimes da rua Hoffmann.

O assassinato do secretário de Fogaça traz um fio condutor manchado de sangue e corrupção. A rigor, são os crimes do Rio Grande do Sul, e não da rua Hoffmann, somente. As conexões deste crime são óbvias e estão com as pontas tão perigosamente expostas como um feixe de fios desencapados.

A Operação Pathos da Polícia Federal, que investiga a empresa paulistana Sollus, apura o desvio de R$ 9 milhões dos cofres municipais de Porto Alegre, entre 2007 e 2009. O ex-secretário assassinado prestou depoimento à PF horas antes de ser abatido a tiros na via pública. Objeto do depoimento de Eliseu Santos: operação Pathos e desvio de recursos públicos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Horas depois Eliseu Santos estava morto, por morte matada.

Não vê quem não quer a estreita ligação entre os fatos.

Como diria Macbeth, não reconhecer esses nexos, é mais suspeito que o próprio crime da rua Hoffmann.

Foto: Eliseu Santos, o assassinado, e o prefeito José Fogaça (escrevendo). "Mas os mortos, agora, se levantam... e de nossas cadeiras nos empurram."

8 comentários:

  1. Anônimo2/3/10 10:53

    Na paleta !

    RBS e seus pasquins tomaram a rédea da investigação !

    Federais neles !

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  2. Juarez Prieb2/3/10 10:56

    Pathos significa doença em grego, que é o contrário de Saúde.
    Operação Pathos é para investigar a corrupção na Saúde de Porto Alegre.
    Eliseu Santos foi morto na raiz disso tudo. Só a Polícia Civil/RGS não vê isso.

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  3. O ministro da Justiça o gordo Barretão tem que por a mão nisso. A PF não pode ficar de fora, num assunto que diz respeito à PATHOS.
    O que está sendo jogado é o Piratini no quadriênio 2011-2014.

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  4. Anônimo2/3/10 11:45

    Pathos, uma verdadeira tragédia grega.

    O Ranolfo Vieira macularia sua carreira promissora servindo aos poderosos do momento?

    Ele fará o que outros já fizeram?

    Será a sua tragédia pessoal e profissional.

    Esperemos.

    Aqui se faz, aqui se paga.

    O Eliseu já aprendeu o ethos. Chegou a vez do dr Ranolfo.

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  5. O laudo preliminar da polícia civil provavelmente vai levantar que a hipótese de suicídio não pode ser descartada.
    Os jornais apoiariam esta versão.

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  6. Anônimo2/3/10 22:35

    Secretário morto no RS teria cometido homicídio, diz polícia
    02 de março de 2010 • 18h55 • atualizado às 19h19

    http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4297902-EI5030,00-Policia+checa+suposto+homicidio+cometido+por+secretario+morto.html

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  7. Anônimo3/3/10 11:01

    Sapucaia do Sul deve ter um pool de suspeitos de sempre, tipo o filme Casablanca.

    Apertou, precisam de um desguiada, vão a Sapucaia.....

    E segue o baile.

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  8. Quem disse Sapucaia, errou por pouco. Polícia Civil dá coletiva de imprensa e fala em Esteio. Quadrilha de roubo de carro. Latrocínio.

    Mas não levaram nem a arma do Santos!

    Diria que a famiglia Sollus contratou a quadrilha para "disfarçar".

    E o secretário tava bem nervoso e descarregou 9 tiros.

    Hmmmmm

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