segunda-feira, 5 de maio de 2008


RS: Polícia Federal investiga compra ilegal de terras por papeleiras estrangeiras

A sueco-finlandesa Stora Enso começou a negociar a compra de terras na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul por intermédio da empresa Derflin Agropecuária, constituída de acordo com as leis brasileiras, mas com 99,99% das suas cotas em nome da Stora Enso Uruguay, criada no Uruguai e controlada pela Stora Enso Amsterdam. Resumindo: uma empresa estrangeira estaria comprando terras na faixa de fronteira do Brasil, o que exige uma prévia autorização do Conselho de Defesa Nacional (CDN). A própria multinacional percebeu a falha e encontrou uma maneira heterodoxa para “legalizar” as aquisições: criou outra empresa, a Azemglever Agropecuária, em nome de dois funcionários brasileiros. O caso foi parar na Polícia Federal. A informação está no Correio Braziliense, de ontem.

A Derflin foi criada em abril de 2005 e celebrou diversos acordos com proprietários rurais para compra de terras até 2006, grande parte na faixa de fronteira, com 150 quilômetros de largura a partir das divisas com Uruguai e Argentina. A Derflin encaminhou processo ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) solicitando parecer do CDN. Até julho de 2007, os processos de 42 fazendas já estavam protocolados no Incra. Ainda em 2006, para assegurar a “segurança jurídica” dos acordos realizados com proprietários de terras, a Stora Enso reestruturou a forma de aquisição de terras na faixa de fronteira.

Foi criada a Azenglever em nome de dois executivos da Stora Enso no Rio Grande do Sul: João Borges (diretor Florestal) e Otávio Pontes (vice-presidente da Stora Enso para a América Latina). A Azemglever escriturou as terras que estavam negociadas pela Derflin, com o compromisso de ser incorporada pela Derflin após aprovados os processos encaminhados ao CDN. Procurando demonstrar a legalidade da operação, em fevereiro do ano passado, a multinacional informou previamente o procedimento à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), ao Incra e ao Ministério Público Federal. Cerca de um mês e meio depois, o Incra transmitiu a informação ao Ministério Público Federal, que solicitou a abertura de inquérito pela Polícia Federal. A empresa afirma que ainda não foi ouvida no inquérito.

Na última sexta-feira, o Correio encaminhou à Stora Enso a seguinte questão: onde a Azenglever arranjou dinheiro para comprar milhares de hectares de terra? A Stora Enso explicou que Derflin e Azenglever fizeram um contrato de mútuo. A Azemglever pegou dinheiro emprestado da Derflin e deu como garantia as propriedades que foram registradas em seu nome. O jornal teve acesso também a um memorando enviado a João Borges e Otávio Pontes, em poder do Ministério Público Estadual, onde está expresso que “a Derflin e os sócios da Azenglever já acordaram a aquisição, pela Derflin, de 99,99% das quotas representativas do capital social dal Azenglever”.

O Correio visitou, em 25 de abril, em Rosário do Sul (RS), a fazenda Tarumã, de 2 mil hectares. Segundo registro no Ofício de Registro de Imóveis da cidade, foi comprada pela Azenglever por R$ 6,3 milhões.

Foto de Carlos Vieira/CB. Mostra parcial da Fazenda Tarumã em Rosário do Sul (RS), que foi comprada por R$ 6,3 milhões. Até 2011 está prevista a ocupação de 440 mil hectares de terras com monocultura de eucalipto para fabricação de papel e celulose.

9 comentários:

  1. Anônimo5/5/08 10:52

    essa notícia jamais sairá na RBS e Correinho do Povo da IURD.

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  2. Anônimo5/5/08 12:27

    bah, o cara tem que ler agora o correio brasiliense pra saber o que se passa por aqui. E a ZH publicou ontem um editorial sobre ela própria e o seu dever para com o jornalismo blablabla... Marcelo

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  3. Anônimo5/5/08 16:48

    Marcelo, o editorial de ZH fala do dever do jornalismo PIG, do jornalismo editorializado, seletivo e ideologizado.

    Ivan

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  4. Anônimo5/5/08 17:11

    Mas Che, essas informações são públicas e notórias para os blogueiros engajados, o MST, as campesinas... Qual a novidade?

    Estão requentando notícia em Brasília e servindo em pratos limpos... só isso.

    Resumindo, os cães continuam ladrando por osso sem carne, e a caravana tá indo embora!!

    ZeMArio

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  5. Anônimo5/5/08 22:24

    Que bela imagem foi colocada neste post! Ali vejo eucaliptos, banhados, animais silvestres, bioma pampa, matas nativas, riacho com mata ciliar e lavouras de arroz(já colhidas).

    No futuro, no lugar dos quase desertos de areia, veremos belos florestamentos de eucaliptos, espalhando aroma e riqueza para nós do pampa.

    Antunes

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  6. Anônimo6/5/08 11:42

    Os desertos verdes de eucaliptos ainda não cresceram, mas as cocotas já andam regozijando.

    Claudio Dode

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  7. Anônimo6/5/08 21:49

    Com certeza, seu Claudio Dode.

    Cocota:

    É a tua pessoa. É a sua laia. São os leigos de sua estirpe.
    São os idiotas ideológicos que nada sabem sobre o que está sendo feito em termos de produção agrícola e silvícola no RS.

    Alguém já comentou que você é um filhote do MST que não conhece o pai.

    Vai se enchergar!

    Antunes

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  8. Anônimo7/5/08 11:22

    Antunes,

    Primeiro pode ser até uma questão triste não conhecer o pai. Acontece mesmo no MST quando são assassinados, como o Keno, pelo pelos gananciosos criminosos. Eu tenho a felicidade de conhecer e me orgulhar do meu pai e de minha mãe.

    O difícil, e reconheço que deve ser muito difícil, para gente da tua Laia, que às vezes nem SABE quem é o pai.

    E aclareando cocota são os leigos da tua estirpe, e daquela que se compra wem prateleiras de orgãos de midia, que ficam gritando saudações as foras da lei - Stensora e caterva.

    Claudio Dode

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  9. Anônimo7/5/08 18:32

    Antunes e Caterva:

    Para voces que são sempre avidos de defender multi nacionais, e atacarem o MST poderiam ter um pouco de bom senso como tem os parlamentares de Basel, na Suiça, que pediram esclarecimentos a Syngenta pelo assassinato de Valmir Mota de Oliveira, o Keno.

    Lá Os parlamentares querem saber quais as providências que a Syngenta para reparar os danos sofridos pelas vitimas do ataque. E por aqui é só loas aos gananciosos estrageiros.

    Os acionistas minotarios, em assembléia, cobram providências dos diretores para que respeite as leis do Brasil.

    Indignados deveriam ser os daqui, que deveriam cobrar das multinacionais o respeito as leis e ao povo brasileiro.

    Mas com o aculturamento e a pobreza intelectual e espiritual, só permitem o puxa saquismo despudorado.

    Claudio Dode

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