Jobim e a ilusão de si mesmo

O cômico, a comédia, o riso o que são senão isso que se vê, Nelson Jobim (fotos) fantasiado de combatente na selva, bancando carnavalescamente um intrépido Che Guevara tardio e deslocado, talvez ciumento das glórias (justificadas) do outro?

Como se dizia antigamente: - E ele deu-se ao desfrute, ora, pois!

Mas não brinquemos com essa coisa do riso, ele pode indicar mais que humor. Para Schopenhauer, pode revelar uma indisfarçável desesperança no projeto humano. Observando-se o ministro da Defesa de Lula metido nesses trajes, começamos a suspeitar que está tudo errado mesmo.

Jobim é o que se chama de alto estilo, mas com baixos significados. Por isso é tão risível. Quando há uma incongruência entre o percebido e o conceito – para Adorno – aí aparece o cômico, essa zombeteira vingança da vontade sobre a representação.

O ministro veste a estrutura da piada, que aparece quando os conceitos não podendo se prender à riqueza intrincada das experiências jogam o ser da humanidade na vala pantanosa da ilusão - onde habitam as simbólicas sucuris da vaidade e da arrogância.

Achou complicado, meu filho? Então, apenas abandone-se ao riso desatado.

Nós merecemos!