
[Você escreve o que te pedem. Obrigado, mídia corporativa. Sem você não poderíamos controlar o povo]
Jornalismo está sendo quase uma palavra de baixo calão
Deu no (ótimo) blog do Azenha.
O que o leitor Eduardo Guimarães pretende fazer, amanhã, 15 de setembro, às 10 da manhã, diante do prédio da Folha de S. Paulo, na Barão de Limeira,
Porém, como demonstra o cartaz acima, a campanha contra a manipulação da mídia corporativa é um fenômeno mundial. Aqui em Washington, neste dia 15, acontece uma grande manifestação contra a ocupação americana do Iraque. Muitos dos cartazes, com certeza, vão denunciar a Fox, emissora de Rupert Murdoch que foi co-autora da guerra. Aos poucos, o patético comportamento da mídia americana, que reproduziu as mentiras oficiais antes da guerra, tem sido esmiuçado.
Estamos na idade da informação e qualquer um pode, hoje em dia, aqui nos Estados Unidos, ter acesso aos arquivos que registram as falsidades, as omissões e as falcatruas "jornalísticas". Por aqui já existem mais de 15 entidades - liberais, conservadoras e libertárias - dedicadas a monitorar e denunciar as distorções do noticiário.
É como se o Observatório da Imprensa decidisse, de repente, deixar de puxar o saco dos patrões.
É como se o Comunique-se passasse a representar o interesse do público e não meramente o dos jornalistas.
A globalização e a reforma neoliberal das instituições resultaram no "desmanche" do Estado. No Brasil, esse processo começou no governo Collor e foi até o segundo mandato de FHC. Funcionário público passou a ser sinônimo de marajá, de vagabundo.
O Estado foi dilapidado. As agências reguladoras, criadas depois da privatização, nunca tiveram dentes.A concentração da mídia na mão de poucos e o interesse de algumas famílias combinado com o de grandes corporações resultaram na extinção do Jornalismo como serviço público.
Jornalismo = Entretenimento. Esse é um fenômeno que aconteceu nos Estados Unidos, na Itália, na França... A mídia passou a defender, acima de tudo, seus próprios interesses. A mídia que manipula, distorce, omite e mente. Que "seleciona" os assuntos que interessam a seus objetivos políticos e econômicos mais imediatos. A acreditar nos comentaristas econômicos da TV Globo, por exemplo, o caos no Brasil é só uma questão de tempo. Não importa que o crescimento do PIB tenha batido recorde.
Importa é "produzir" crises nos portos, nos aeroportos, no Congresso, no Judiciário, na democracia. O poder de barganha da mídia corporativa cresce de maneira inversamente proporcional ao poder das instituições.
A mídia "forte" arranca concessões de governos federal, estaduais e municipais.
A atuação é mesmo parecida com a da máfia, que intimida juízes, deputados, jornalistas, delegados, quem quer que não reze pela mesma cartilha.
Essa mídia está engajada em "cortar impostos, enfraquecer conquistas trabalhistas, criminalizar quem pensa diferente, eliminar o contraditório", enfim, precisa forjar um consenso que atenda, acima de tudo, àqueles que estão na ponta "saudável" da concentração de poder e renda. Porém, há também um movimento mundial contra essa mídia.
Ele não é tão articulado quanto o das grandes corporações, que colocam a multiplicação de seus próprios lucros acima das pessoas, das sociedades e das nações.
Visto aí de São Paulo, talvez o Eduardo Guimarães pareça um grão de areia.
Mas aqui de longe dá para perceber que uma ventania empurra uma duna para cima dos que estão transformando o Jornalismo em uma palavra de baixo calão.
Acompanhe as novidades da organização do protesto aqui: http://edu.guim.blog.uol.com.br/
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Amanhã, esperamos receber fotos da manifestação, remetidas por nossos leitores de São Paulo. Alô, Cidão! Alô, Armando! Já estão com o pé no estribo?
Boa luta!
Boa Eduardo Guimarães!
ResponderExcluirVai ser barra termos um jornalismo "correto, fiel, plural e honesto, mas fazer o quê? Vamos continuar a boa luta!
MSM
Protesto em frente ao quartel da RBS seria ótimo. Quando houver, estarei lá.
ResponderExcluirTrechos da entrevista com o prof. Wanderley Gulherme, no Valor de hoje:
ResponderExcluirComo é que o senhor vê o papel da mídia no governo Lula ?
Tem dois aspectos. O primeiro aspecto é fato de o governo Lula ser um governo inédito no Brasil. É realmente um governo cuja composição de classe, cuja composição social é diferente de todos os governos até agora. Isso não foi e dificilmente será bem digerido. Agora, em acréscimo a isso é que, ao contrário do que se teria esperado ou gostariam que acontecesse, este é um governo que até agora tem se mantido fiel à sua orientação original, independentemente das discussões internas do grupo do PT. A verdade é que as políticas do governo têm prioridades óbvias, que são as classes subalternas. Isso é algo que irrita e, conseqüentemente, faz com que aumente a disposição da imprensa para acentuar tudo aquilo que venha a dificultar e comprometer o desempenho do governo.
Em que outros episódios da Historia do Brasil a imprensa usou a arma da instabilidade ?
No Brasil, tivemos em 1954, com a crise que resultou no suicídio de Vargas, em que tudo foi utilizado. Documentos falsos que foram apresentados como verdadeiros, testemunhos de estrangeiros que seriam associados a confusões internas...
Houve em 1955, na tentativa de impedir a posse de Juscelino Kubitschek. E em 1961, na crise de Jânio, na sucessão do Jânio. E em 1964.
Depois, durante o tempo do período autoritário, evidentemente, houve uma atuação explícita da imprensa. Não se falava a favor, mas também não se desafiava. Com o retorno da democracia, a imprensa interveio outra vez, na sucessão de Sarney, com todas as declarações e reportagens absolutamente falsas em relação ao candidato das forças populares, que já era Lula. Isso se repetiu nas duas eleições de Fernando Henrique, mas mais moderadamente. Foi bastante incisiva durante a primeira campanha. Na segunda, a imprensa se comportou razoavelmente. Houve certas referências, mas nada escabroso.
Mas, os dois últimos anos foram inacreditáveis em matéria de criação de fatos sobre nada: foi inacreditável. Para 50 anos de vida política, é uma participação à altura dos partidos políticos e dos militares. Quer dizer, fazem parte da política brasileira os partidos, as Forças Armadas e a imprensa.
A gauchada véia de guerra não é mais a mesma. Infelizmente. Tô mortinha de inveja desse pessoal de São Paulo. Como eu gostaria de estar lá, junto deles, participando desse manifesto, em frente à Folha. Mas, como boa proletária e amanhã trabalho o dia todinho até à 19 hrs. Vou acompanhar as noticias aqui pelo blog.
ResponderExcluirBoa cobertura aí, seo Armando. Nos informe tudo, não nos sonegue nada. Até mais.
Eu topo!
ResponderExcluirConta comigo.
Organiza via blog.