sábado, 22 de setembro de 2007


A razão deslumbrada

A humanidade parece uma lebre encadeada
pelo farol de um automóvel apocalíptico.

De um lado, sombra, do outro lado, sombra,
e no meio da estrada, inexorável, o mortal foco de luz.

Nada que guie, esclareça, ilumine.

Apenas um clarão paralisador, que só dura
até que as rodas esmaguem a razão deslumbrada.

Comunicado

Na frente ocidental nada de novo.

O povo

Continua a resistir.

Sem ninguém que lhe valha,

Geme e trabalha

Até cair.

Dois poemas de Miguel Torga (1907-1995)


Foto: Banho de sol, de Owen Kanzler. Clique na foto para aumentá-la.

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