quinta-feira, 1 de julho de 2010

Criticado, Correios reagem fazendo anúncios caros no PIG



Autarquia federal vive crise de disputa interna e maus serviços

A autarquia federal Correios já foi considerada modelo entre as empresas públicas da União. Agora, resvala no plano inclinado dos maus serviços e da disputa interna na diretoria. Dia 17 de junho último, o diretor de Operações dos Correios, Marco Antônio Marques de Oliveira, foi exonerado do cargo. Os motivos são obscuros e preocupantes.

O PIG, através da Veja e da Folha, já fez matéria, semanas atrás, apontando os problemas da estatal: 90% é cascata neoliberal, mas 10% corresponde à verdade dos fatos. Como reação, os Correios premiam o próprio PIG com vultosos anúncios de página inteira sob o método primaríssimo do tradicional cala-boca-pecuniário (ver acima, anúncio de página inteira publicado na edição de hoje de ZH). Ora, isso funciona como uma espécie de chantagem tácita, onde os dois lados saem ganhando, o anunciante, que negligencia seus problemas administrativos internos, e o PIG, que aproveita-se da fragilidade da autarquia para aumentar seu faturamento operacional. Quem perde? Como sempre, o consumidor-usuário dos Correios, todos nós.

Ontem ainda, recebi mensagem de um leitor deste blog DG sugerindo críticas aos Correios. Carvalho, o nome com o qual se identifica, afirma que "correspondência registrada não é entregue nos domicílios, você tem que apanhar pessoalmente no posto de distribuição dos Correios mais próximo". E completa: "perguntei ao gerente do posto de distribuição o motivo de o carteiro não fazer entrega de correspondência registrada, e ele me disse que são normas internas". Dizendo-se usuário habitual da autarquia, como pessoa jurídica, Carvalho afirma que o carteiro vai ao seu domicílio funcional e "não se digna a tocar a campainha, ele simplesmente dá meia volta e retira-se do local, ao cabo da terceira visita, sem jamais chamar a campainha ou mesmo bater palmas, o funcionário então deixa um pequeno aviso informando que a correspondência deve ser apanhada no posto de distribuição da minha área postal".

"Feil, agora você me explica, por favor, qual a lógica desta norma kafkiana dos Correios? Por que o carteiro - indaga legitimamente o indignado leitor - não pode chamar sequer a campainha do destinatário? Com isso você perde um tempo precioso, minhas encomendas chegam com 10/15 dias de atraso, porque tenho que esperar que o carteiro me faça três visitas para então me apropriar da minha encomenda". E arremata, Carvalho: "sou contra a privatização de estatais, mas quanto aos Correios já fico pensando duas vezes sobre essa minha convicção."

Vejamos, agora, quem é o titular, o diretor-presidente da autarquia Correios.

O atual presidente dos Correios (ECT), Carlos Henrique Custódio, é mineiro, conhecido por sua vinculação com sistema bancário. Foi indicado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), logo após o escândalo do chamado mensalão, cujo epicentro foi justamente o desvio de verbas dos Correios para a compra de deputados.

Ocupou a diretoria de Crédito da Caixa Federal, em 2004, onde exerceu os cargos de Superintendente Nacional de Estratégia de Canais, Superintendente de Negócios Institucional dos Estados do Amazonas e Roraima e Superintendente de Negócios na regional Ipiranga da região metropolitana de São Paulo.

Na estatal, foi defensor das terceirizações e das mudanças legais feitas no banco autorizando parte da entrega dos serviços da estatal para iniciativa privada, através das lotéricas e dos acordos com empresas privadas em geral. Estes contratos são responsáveis por imensa demissão de funcionários da CEF, além da transferência de recursos milionários da estatal para a iniciativa privada.

Graduado em Administração de Empresas pela PUC/MG, foi membro do Comitê de Política de Crédito da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), entidade patronal do setor bancário brasileiro.

Carlos Henrique Custódio é um homem dos bancos na direção dos Correios, e defensor da chamada “modernização” da empresa pública, que nada mais é do que a sua transformação em oportunidade de negócios para a iniciativa privada que orbita em torno da estatal.


Fac-símile integral da página 27, edição de hoje, do jornal Zero Hora, de Porto Alegre.

4 comentários:

  1. Anônimo1/7/10 19:47

    Não quero criar polêmica, mas por minha experiência as cartas registradas são sempre entregues pelo carteiro. Recebo na minha cas, uma ou duas por mês. Como tem que ser assinado o recebimento, se não tiver ninguém em casa no momento da entrega, a correspondência volta para a agência, um aviso é colocado na caixa de correspondência e dai sim, o destinatário tem que ir até a agência para retirar a carta registrada. Esta informação o redator conseguiria com qualquer agente do correios.

    ResponderExcluir
  2. Anônimo2/7/10 15:58

    Os Correios são uma empresa auto sustentada, não recebe recursos do governo federal (ao contrario da maioria das grandes empresas privadas),parte substancial do lucro é apropriado pelo governo,por conta disso a PLR dos funcionários da base(carteiros, OTTs, atendentes, técnicos...)é ridicula diferente da dos "DERETORES,NÉ CUMPANHERU".A Empresa vem sendo sucateada, faltam funcionários, vários sairam no famigerado PDV de 2009, não houve reposições e os que ficam são sobrecarregados, administram com base no terrorismo psicológico, espalham boatos de terceirizações e funcionários sofrem chantagens e perseguiçoes. Existe também excessivo número chefes e cordenadores que chegam a se bater pelos corredores (para atender toda a companherada né!? ).E todo isso com a participaçõa entusiasmada do partido dos trabalhadores aqui do RS mais espacificamente pela turminha da deputada maria do rosário ,a “dona” dos correios aqui no RS, e que indicou a atual diretoria regional do RS. Esses senhores que há bem pouco tempo berravam contra a “exploração burguesa na ECT” e hoje fazem uma administração pior que a tucanalha! A grande obra dessas figuras foi arrumar um monte de eleitores pro serra e empurrar o sindicato pra maos dos aloprados do pstu e outros.

    ResponderExcluir
  3. Anônimo3/7/10 15:33

    Taí uma forma pior, em tese, do que privatizar. A estrutura é de estatal, mas a visão é totalmente voltada para os negócios do mercado privado. Privatizar? Claro que não, mas precisamos avançar muito ainda nesse modelo de "composição" do governo, para que pelo menos o PT assuma por seus atos. Eu torço para que nessa eleição se imploda definitivamente Serra e Dem, e que venha uma oposição que possa fiscalizar ao envés de sabotar o que é bom, ou ser conivente ao governo com o que é péssimo ao país.

    ResponderExcluir
  4. Anônimo6/7/10 10:46

    Ratificando o que comunicou Carvalho, meu banco ficou de enviar meu novo cartão pelo correio e foram 3 tentativas de entrega repetidas por 3 vezes e, em nenhuma delas o entregador sequer tocou a campainha. Resultado disso: após 3 meses o banco desistiu e me comunicaram que deveria buscar o cartão na agência.
    Outro a acrescentar aqui é referente ao concurso para funcionários dos Correios, cuja inscrição e pagamento foi efetuado no início deste ano (até 19/02) e neste momento, conforme consta no site (http://www.correios.com.br/institucional/concursos/correios/lst_concurso.cfm?con_nu=300) estão escolhendo a banca que aplicará o mesmo. O que é isso?!

    ResponderExcluir