quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Jobim agora ultrapassou o limite


Ou sai ou vira um sinistro coronel Kurtz

Jobim passou dos limites. O ministro da Defesa e sua "tchurma" - os comandantes das três armas militares - estão agindo para bem além do limite da responsabilidade que lhes compete a Constituição. Há poucos dias fizeram um teatro furreca ao ameaçar uma saída coletiva do governo Lula. Ontem, deixaram vazar um documento da FAB onde a escolha da compra dos caças militares recai sobre um fabricante que não é o da preferência do Palácio do Planalto. Nada mais autoritário. Esses "vazamentos" revelam bem o tipo de gente que está por trás do ministro da Defesa.

Para o Planalto, interessa o caça francês porque envolve um jogo diplomático que visa desfocar Washington e tornar mais nítida a relação com o palácio do Eliseu, em Paris. Já os militares, o ministro Jobim, a FAB e os coronéis com interesses econômicos preferem o produto sueco, aviões da Saab, por razões as mais variadas. Os militares brasileiros desde o período da ditadura têm um franco e sincero interesse econômico tout court, dentro e fora do Estado (diferentemente de outras forças militares da América Latina). Jobim apanhou essa realidade peculiar e tenta cavalgá-la no sentido de politizar o problema com o objetivo de legitimá-lo como porta-voz do silêncio constitucional imposto aos militares. Mais: se autoinveste também como player econômico no complexo industrial-militar globalitário, business rentabilíssimo, no presente e no futuro. O tema da Anistia e a consequente rebeldia despertada no meio militar é uma forma de fazer a disputa no âmbito do lulismo de resultados. Como Lula sempre optou por trazer o conflito ou o potencial de conflito para dentro do governo como forma de melhor administrar as contradições da luta de classes, tem aí o fruto estéril que plantou nestes últimos sete anos.

Jobim e sua "tchurma" jogam o jogo proposto por Lula, tensionam o quanto podem a fim de levarem o que supõem merecerem no grande game da conciliação lulista.

Mas como tudo na vida, há um linha limite não escrita. A meu ver, Jobim - nestas últimas semanas - avançou o sinal pelo menos duas vezes. Agora, duas coisas podem ocorrer: ou é saído, a fim de não se fortalecer mais e mais, ou fica e vira uma espécie de coronel Kurtz, a la Conrad, com um enclave militar autônomo, armas, caças e um sinistro poder discricionário inédito na República brasileira.

A escolha é de Lula.

8 comentários:

  1. Anônimo6/1/10 14:44

    Que belo comentário!!!!!

    Não se perde tempo vindo aqui.

    Flics

    ResponderExcluir
  2. Anônimo6/1/10 15:36

    Olha, pra mim chamar o Jobim de Coronel Kurtz é elogio! Se não me trai a memória (faz algum tempo que li o livro), o Coronel Kurtz (apesar da loucura) tinha um aspecto positivo, que era a crítica àquele colonialismo abjeto que a narrativa do Conrad mostra. Já o Jobim ...
    Carlos

    ResponderExcluir
  3. vinicius souza6/1/10 15:38

    Jah nao eh a primeira rata do Jobim.
    Basta lembrar a lambanca do "sistema de escuta" que ele disse ter sido comprado pelo exercito para a ABIN e que teria sido usado no "grampo sem audio" da conversa do Gilmar Mendes com o Demonstenes. Isso custou a ida do Lacerda para Portugal deixando a PF na mao de um torturador e ainda ajudou a queimar o delegado Protogenes, afastado desde entao da investigacao sobre Daniel Dantas.

    Nao sei o que o Lula espera pra queimar esse cara de vez...
    eh golpista e nao vai cansar ateh tirar o Lula do poder.

    ResponderExcluir
  4. Bem, se a escolha é de Lula - e é -o escroque Ministro da Defesa está mais que "bancado".
    Ou alguém já viu um embate intestino do lulismo onde algum gragmento progressista saia vencedor?

    ResponderExcluir
  5. Anônimo6/1/10 17:56

    "Como Lula sempre optou por trazer o conflito ou o potencial de conflito para dentro do governo como forma de melhor administrar as contradições da luta de classes, tem aí o fruto estéril que plantou nestes últimos sete anos."

    Fiquei em dúvida quanto a essa parte. "Fruto estéril"? Em que sentido? Depende da maneira como é feita, mas a incorporação das contradições da luta de classes "administradas" em conflitos internalizados no governo não pode ser uma boa forma de construir debates democráticos? Gosto da crítica que o post constrói e acho que concordo com ela, mas gostaria que esse momento da argumentação fosse melhor desenvolvido.
    (Jeferson)

    ResponderExcluir
  6. Cristóvão Feil6/1/10 18:19

    Fruto estéril, Jeferson, porque Lula salgou a terra, acabou com a organicidade do PT, cooptou os sindicatos e os movimentos sociais (todos) e reduziu a luta de classes à conciliação surda do lulismo de resultados.
    Fruto estéril, sim. Sob a árvore frondosa do lulismo não cresce nada.
    Vamos ver se Dilma consegue se safar.

    Abç.

    CF

    ResponderExcluir
  7. Rogério de Brum6/1/10 19:20

    O Lulinha incensado por uma esquerda, que esquerda hein, poder e poder o resto...
    Olho o time:
    Jobim;
    Hélio Costa;
    Henrique Meireles;
    Reinold Stephanes;
    Márcio Fortes;
    Edison Lobão, parei por aqui, fui
    Rogério de Brum
    PS:eu não sou do time ok!!

    ResponderExcluir
  8. Bom, pelo tempo que estou escrevendo,já é sabido o destino do Jobim. Ir fardado ao Haiti. Se procurarmos no fundo, lá no fundo, bem no fundo, acharemos no Jobim um civil, um civil linha-dura. Será que as autoridades do Haiti pensou estar recebendo um emissário do golpe de 64? Jobim quando serviu ao Exército, deve ter adorado esta frase: "Soldado, teu cabo está aqui!"

    ResponderExcluir