sábado, 3 de maio de 2008


Caso Pluvioso

A chuva me irritava, até que um dia
percebi que maria é que chovia.

A chuva era maria. E cada pingo
de maria encharcava meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava
Como a terra que a chuva lavra e lava.

Eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura.

Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.

Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, e ativa... Nossa!

Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.

Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma! [...]

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


3 comentários:

  1. Anônimo3/5/08 12:58

    e como chove em Porto Alegre, meu

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  2. Anônimo3/5/08 13:28

    E o Fogaça entre os 50 melhores prefeitos do mundo.

    Pode chover canivete.

    Parabéns aos Porto=alegrenses.

    Tri-legal, né tche!

    Carioca

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  3. Além da poesia inspirada de CDA, a foto, também, inspiradora.
    Se chovesse um espécime deste na minha horta...(rs)

    Ricardo Mainieri

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